Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu pantanal

Confira as primeiras imagens de cenas de 'Pantanal'

Globo atropela prazo para o fim da novela atual e começa a divulgar remake

Juma (Alanis Guillen) no remake de 'Pantanal' - João Miguel Jr./Divulgação

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São Paulo

A Globo distribuiu na noite de domingo (26) o primeiro texto com informações sobre a saga de "Pantanal', sua próxima novela das nove, um remake da trama que Benedito Ruy Barbosa ofereceu à emissora há mais de 30 anos e foi recusado na ocasião.

"Pantanal" já foi anunciada no ano passado em matéria no Fantástico, que neste ano trouxe até entrevista com a nova Juma, Alanis Guillen. Mas a novela seguinte não costuma ganhar divulgação oficial com mais de dois meses de antecedência para o fim da trama que ela substituirá, caso de "Um Lugar ao Sol", de Lícia Manzo.

A estratégia de divulgação da emissora costuma trabalhar com o cuidado de não ofuscar o folhetim que está no ar até que o enredo em exibição já tenha seu apelo junto à audiência assegurado pelo suspense em torno de seu desfecho.

Ao divulgar a trama e as primeiras imagens de "Pantanal" neste domingo, a 64 capítulos do fim de "Um Lugar ao Sol", a emissora atropela o prazo estratégico para anunciar um produto novo sem roubar atenções daquele que está no ar. Isso corrobora a falta de atenção que a emissora parece ter dedicado à trama dos gêmeos Christian e Renato, vividos por Cauã Reymond, que mal teve espaço nos programas da casa para uma campanha à altura de um lançamento de novela das nove.

É uma pena. A baixa audiência para o horário, entre 21 e 23 pontos na Grande São Paulo, mereceria ser alvo de campanha permanente por um bom produto: com assuntos pertinentes ao nosso dia a dia, a novela traz reflexões e ações de utilidade pública, como a atual abordagem sobre violência doméstica feita por meio da personagem de Renata Gaspar, a Stefanie, e a discussão sobre preconceito etário e menopausa, via Andréa Beltrão, sem falar em várias outras questões.

"Pantanal" merece todos os holofotes, mas terá sua hora para tanto. Além disso, a imprensa especializada já vem naturalmente falando sobre a novela, até em razão do sucesso da versão original, de 1990, na extinta Rede Manchete.

ENREDO

Na linha de frente da lenda sobre a moça que vira onça e do velho que vive no Rio (Osmar Prado) e se transforma em sucuri, está o velho Joventino (Irandhir Santos) e seu filho, José Leôncio (Renato Góes na 1ª fase e Marcos Palmeira na segunda). Palmeira e Almir Sater, que agora vive um chalaneiro (certamente no embalo de um de seus maiores sucessos musicais, "Chalana") são duas figuras que ligam a novela original ao remake.

Na versão da Manchete, Palmeira era Tadeu, personagem que agora será de José Loreto, o filho bastardo de Zé Leôncio com Filó (Dira Paes), e Almir era Trindade, um violeiro que fazia dupla com Pirilampo (Sergio Reis), agora interpretado por seu filho, Gabriel Sater, músico com pinta de galã, como o pai.

Em uma viagem ao Rio, José Leôncio se apaixona e se casa com Madeleine (Bruna Linzmeyer / Karine Teles). Os dois se mudam para o Pantanal onde nasce Jove (Jesuíta Barbosa). A urbana Madeleine, no entanto, não se habitua ao cenário rural e logo fugirá com o filho de volta para a capital fluminense.

Jove cresce longe do pai, que se viu incapaz de brigar pela guarda do filho. O herdeiro acredita que o pai havia morrido, enquanto Zé, sem saber da mentira criada pela ex-mulher, não procurava o filho, acreditando ter feito o melhor ao se afastar de vez de Madeleine.

Na ausência de Jove, o fazendeiro encontra em Tadeu um herdeiro. Anos após a partida de Madeleine, Filó diz que Tadeu de fato é filho de José Leôncio. Apesar da alegria dos três com a revelação, a informação fica só entre eles, de modo que da porta para fora, Tadeu é apenas um afilhado do patrão, o que lhe dói profundamente.

Duas décadas se passam marcando a mudança de fase na novela. Jove descobre que seu pai está vivo e vai à sua procura. É desse encontro e de sua expectativa que começam os grandes conflitos entre os Leôncio.

A essa altura, aparece ainda um terceiro filho de Zé Leôncio, José Lucas de Nada, que traz Irandhir Santos de volta à novela.

O mimado Jove se apaixonará por Juma Marruá (Alanis Guillen), filha de Maria Marruá (Juliana Paes) e Gil (Enrique Diaz).

A valorização ao meio ambiente, nesse momento de tantos castigos praticados contra o Pantanal, pontua toda a saga por meio dos ensinamentos do Velho do Rio (Osmar Prado), outro que vira bicho --no caso, sucuri.

"O Pantanal resgata heróis", diz Luperi no texto distribuído pela Globo. "É uma característica muito forte da obra do meu avô, que tem um caráter épico e fala sobre valores com esses personagens fortes e inspiradores. O Zé Leôncio é um personagem que te inspira, que te faz acreditar que o mundo pode ser melhor, que existem pessoas que são corretas, dignas. Ainda assim, ele comete seus erros."

"A novela também tem esse caráter humano, que é o que mais me move, porque gera empatia. Ninguém é perfeito. A possibilidade de se apaixonar e odiar o protagonista e o antagonista é real", comenta o autor, responsável pela adaptação da novela do avô.

O diretor Rogério Gomes promete utilizar recursos inexistentes há 31 anos, como drones e câmeras subaquáticas, algo de que Jayma Monjardim, diretor da aplaudida versão original, não dispunha. Em compensação, a direção atual não poderá, em razão das várias mudanças ocorridas de 1990 para cá, despir as personagens com a mesma naturalidade que Monjardim pode despir há 31 anos.

São adequações cabíveis a cada tempo.