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Por que as modelos nunca sorriem na passarela?

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Elas se vestem com as roupas mais sofisticadas e caras do planeta, mas nunca sorriem, e seus rostos expressam nas passarelas um tédio infinito. Afinal, por que as modelos nunca aparecem felizes?

"Você não precisa sorrir, é simples assim", explica a top Ty Ogunkoya durante a Semana de Moda de Paris.

Há dez anos como modelo internacional, a nigeriana não costumar exibir o menor sorriso. "Desfilei para todos, e nunca me pediram para sorrir", disse ela à agência de notícias "AFP". "Para ser honesta, me sentiria esquisita se precisasse fazer isso".

"Quando caminho, penso em algo triste, como quando meu gato morreu", acrescenta Klara, uma modelo eslovaca de 18 anos. "Foi atropelado por um ônibus".

A modelo francesa Victoire Maçon Dauxerre, que chegou a pesar 45 kg
A modelo francesa Victoire Maçon Dauxerre - Reprodução/Instagram/victoiredauxerre

A ex-modelo Victoire Macon Dauxerre disse ter ouvido uma vez a recomendação de ser o mais discreta possível. "Não se esqueçam nunca de que estão olhando para as roupas, não para vocês", disse.

O modelo Matthieu Villot concorda. "O que querem é mostrar a roupa, não nossos rostos. Se sorrimos, a atenção se foca na gente, e não na roupa", afirma ele, que também é estudante de medicina.

A model presents a creation by Italian designer Maria Grazia Chiuri as part of her Spring/Summer 2017 women's ready-to-wear collection for fashion house Dior during Fashion Week in Paris
Modelo faz cara de brava durante desfile da Dior na Semana de Moda de Paris - Gonzalo Fuentes/Reuters

Segundo a historiadora de moda Lydia Kamitsis, nem sempre foi assim.

A moda de rostos inexpressivos é, na realidade, relativamente recente. Data da ascensão de marcas como Yohji Yamamoto ou Comme des Garcons, no início da década de 1980.

"Foi também a época das supermodelos como Cindy Crawford, Imam e Elle Macpherson, que tinham cada uma sua responsabilidade, e surgiu como reação contra isso", explica.

"Nos anos 1960, quando as primeiras coleções foram apresentadas, as modelos frequentemente sorriam, riam e inclusive dançavam na passarela", lembra.

"Agora parecem cabides que andam. Trata-se de apagar sua personalidade e substituí-la pela roupa", afirma.


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