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Público entendeu angústia de Ivana, diz Gloria Perez sobre personagem trans

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Gloria Perez já pode comemorar o êxito de "A Força do Querer", novela que atualmente escreve para a faixa das 21h da Globo. A trama tem se mantido na casa dos 40 pontos de audiência (cada ponto equivale a 199,3 mil espectadores), número apenas sonhado por suas antecessoras "A Lei do Amor" e "Velho Chico". 

A autora também emplacou mais uma bem-sucedida campanha social dentro da trama: o drama de Ivana (Carol Duarte) que se descobre transexual, faz parte de uma estratégia da Globo por mobilização popular para a discussão de sexualidade e identidade de gênero.

 Ações como essa são chamadas de "merchandising social" e têm Gloria como uma de suas grandes precursoras. Ela incluiu a doação de órgãos em "De Corpo e Alma" (1992), o desaparecimento de crianças em "Explode Coração" (1995), e o alcoolismo em "O Clone" (2001), entre outros. 

Em 2005 discutiu sexualidade em "América", com o personagem de Bruno Gagliasso, que se descobria homossexual. Um beijo gay no último capítulo, no entanto, foi vetado. 

Doze anos depois, a autora tem apoio da emissora para mostrar a readequação de gênero de Ivana; a personagem conquistou os telespectadores. "O público compreendeu a angústia dela e a descoberta de sua identidade. Está indo junto com ela", diz a autora, que revela não ter pensado em um "plano B" caso Ivana fosse rejeitada pela audiência. 

Confira a entrevista exclusiva de Gloria Perez para o "F5":

Como tem sido o processo de escrever a trama da Ivana? Você tem consultado pessoas transexuais?  
Desde a concepção da sinopse tenho mantido contato direto com pessoas trans. João Nery, Teresa Brant, Thammy Miranda, Guilherme Goes, são meus interlocutores mais frequentes. Assisto também os muitos vídeos postados no twitter, onde pessoas trans compartilham suas experiências. E dessa escuta vou colhendo situações, sentimentos...

Havia um plano B caso a Ivana fosse rejeitada?
Nem pensei nisso. Sendo um tema ainda tão desconhecido para a maioria das pessoas, a preocupação foi construir a empatia do público pela Ivana. Isso feito, o caminho estava livre para que ela fizesse a transição. O público compreendeu a angústia dela e a descoberta de sua identidade. Está indo junto com ela."

Você é pioneira no que chamam de "merchandising social". Qual é a importância de uma novela unir entretenimento com causas sociais?
A novela pode suscitar um debate nacional sobre um determinado assunto. Esse é o ganho.

Qual é o principal desafio ao fazer isso?
Não cair na panfletagem. O merchandising social tem de ser parte da história, tem de ser vivido pela personagem, e não apenas verbalizado.

Que balanço você faz, colocando em paralelo o beijo gay censurado em "América" e uma personagem trans em "A Força do Querer?
Que estamos avançando. Aos poucos, mas estamos.

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