Depois de trazer bordões árabes, indianos e turcos para o linguajar popular, Gloria Perez agora quer traduzir a linguagem do seriado policial americano para o português.

Em seu novo projeto, o seriado "Dupla Identidade", a autora mergulha no universo das séries policiais estreladas por serial killers, focando no jogo de gato e rato estabelecido entre o assassino e a polícia investigativa. A falta de produções com essa temática situadas no Brasil chamou a atenção de Glória Perez, que resolveu escrever "Dupla Identidade" a partir dessa premissa.

"Observando textos de Agatha Christie e Poirot, percebi que essa profissão tão nova, de profiler criminal é nada mais, nada menos que Sherlock Holmes já fazia, o que Poirot já fazia. É seguir os passos da mente de alguém para desvendar um caso. Sempre achei essa lógica analítica, dedutiva muito interessante e percebi que isso fazia sucesso no mundo inteiro, mas que não havia nada em português. Se todo mundo gosta, por que tem que ligar a TV a cabo para assistir essas séries em inglês? Por que não assistir à série em português? Assim nasceu 'Dupla Identidade'."

O tema policial não é novidade para a autora em seus trabalhos. Em "Salve Jorge" (2012), a trama da investigação acerca do tráfico humano foi um dos pontos altos da novela, graças, principalmente, à interpretação de Giovanna Antonelli como a delegada Helô. Dessa vez, porém, a investigação conduzida pela dupla Dias (Marcello Novaes) e Vera (Luana Piovani) terá outra abordagem.

"A delegada Helô era uma polícia convencional, que busca pistas, ia atrás do DNA, de uma pista de um crime comum. Essa não, é uma polícia completamente diferente da delgada Helô, é outra coisa", afirma a autora.

Durante evento com a imprensa para divulgação da série, no Rio, várias perguntas surgiram entre os jornalistas sobre os motivos que levariam Edu (Bruno Gagliasso) a se tornar um serial killer. Como resposta, Glória Perez ressaltou que "Dupla Identidade" não tem a pretensão de fornecer uma resposta a essa pergunta e que o foco do seriado é o que o serial killer faz, não suas motivações.

"Não tem nenhuma explicação e eu não conheço nenhuma que me convença sobre por que uma pessoa se vicia em matar como alguém pode se viciar em fumar cigarro, beber whisky. O foco da série é a manipulação dele e as pistas da mente dele que os policiais vão tentar seguir para desvendar", explica.

"Dupla Identidade" (Globo), estreia no dia 19 de setembro e vai ao ar às sextas-feiras.