Cobertura do Rock in Rio pela TV foi espetacular, mas apresentadores escorregaram
O Rock in Rio está para o rock e o pop assim como a Copa do Mundo está para o futebol. São eventos grandiosos, voltados para quem não acompanha a música ou o esporte no dia a dia.
Boa parte de seus públicos é formada por fãs eventuais, que não estão a par das novidades e só querem vibrar —seja pela seleção nacional, seja pela banda que fez sucesso há 30 anos.
É para esta plateia de leigos que a televisão cobre o Rock in Rio. Procura-se atingir o maior número de pessoas possível, não só o especialista na cena independente da Finlândia. Natural e compreensível.
Além do mais, a Globo de cujo grupo faz parte o Multishow, o canal pago que cobriu o festival mais extensivamente, é parceira de Roberto Medina, criador do evento, desde a primeira edição do RiR, em 1985.
O resultado, muitas vezes, resvala no oba-oba generalizado. Todos os shows são sensacionais; o público vive em êxtase permanente; nunca se viu nada parecido em momento algum. Quem quiser uma avaliação crítica das apresentações não irá encontrá-la na TV.
A Globo restringiu o Rock in Rio aos telejornais e a exibições de compactos (vulgo melhores momentos) na alta madrugada. Marimoon, ex-VJ da MTV, parece ter sido escalada para fazer as cabeças apenas por ter os cabelos coloridos. Só dizia platitudes, com uma alegria que quase sempre soava forçada.
Já o Multishow se esforçou para justificar o nome do canal: buscou ser múltiplo e dar um show, com o que pareceu serem centenas de câmeras espalhadas por todo o evento.
Conseguiu, várias vezes. A transmissão dos shows em si foi impecável. Palco e plateia eram capturados dos mais diversos ângulos, e o diretor de corte (que seleciona as imagens que vão para o ar) sabia o que estava fazendo. Quem assistiu de casa teve a sensação da onipresença, com direito a muito mais detalhes do que quem estava lá, espremido na multidão.
Já os apresentadores tiveram desempenhos variados. Didi Wagner parecia uma senhora no meio da garotada —o que até combinou com a quantidade de tiozões presentes em muitas das apresentações.
Titi Müller por vezes exagerou na pregação politicamente correta. João Gordo, volta e meia, não estava prestando atenção. Já Didi Effe se divertiu para valer, e suas alfinetadas também divertiram o espectador.
Reparou que todos esses nomes (além da citada Marimoon, na Globo) vieram da extinta MTV Brasil? O canal ainda é um celeiro de talentos, quatro anos depois de ter saído do ar. Aliás, chega a ser espantoso que a própria Globo quase não consiga desenvolver internamente novos apresentadores para comandar seus programas.
Apesar de acrítica e, por vezes, atrapalhada, a cobertura do Multishow teve um saldo positivo. Da área VIP aos bastidores, não houve lugar no Rock in Rio que não fosse escarafunchado.
Para a próxima edição, em 2019, fica uma sugestão: mais especialistas de música diante das câmeras, com uma postura um pouquinho menos entusiasmada. Os apreciadores contumazes do rock e do pop agradecerão.
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