'Popstar' usa e abusa da maior arma da Globo: o elenco de estrelas
Concursos de calouros existem desde a era do rádio. O candidato se apresentava e, se sobrevivesse ao gongo ou à buzina, era submetido ao crivo de um júri de especialistas. Os melhores continuavam na competição.
Esta fórmula simples sofreu inúmeras alterações nos últimos anos, na busca de um formato exclusivo. Quando um deles emplaca, costuma ser bem-sucedido no mundo inteiro. É o caso de "The Voice", que já vai para sua sexta temporada na Globo.
E não foi o caso de "Superstar". Criado pela produtora israelense Keshet com o nome de "Rising Star", o programa teve três temporadas na Globo, mas nunca se firmou como um campeão de audiência.
As causas foram várias: dos problemas técnicos que dificultaram o uso do aplicativo de votação à própria saturação do mercado, que não transformou em astros nenhum dos vencedores dos realities musicais mais recentes.
Mas a atração ia bem no Ibope quando mostrava uma banda capitaneada por alguma celebridade —geralmente um ator da casa. E a emissora, que já buscava desenvolver internamente um formato para substituir "Superstar", viu ali a solução para o problema: seu próprio elenco.
Solução, aliás, que a Globo costuma usar em toda sua grade de variedades. Sempre que um programa do gênero vai mal —como, por exemplo, Encontro com Fátima Bernardes em seus primeiros tempos— o canal logo convoca seu plantel de contratados para levantar o ibope.
O resultado é "Popstar", que estreou neste domingo (9) na faixa das 13h. Não se economizou em nomes famosos: só no júri eram dez, da funkeira Ludmila ao apresentador Tiago Leifert, que comanda as versões adulta e infantil do "The Voice".
A mecânica do julgamento não é das mais simples: cada jurado tem direito a um voto (ou estrela), e o concorrente ganha uma estrela bônus se passar de oito. Também há uma plateia interativa composta por vinte anônimos, e o assoalho sob ela muda de cor de acordo com a votação. Neste primeiro programa, faltou ser melhor explorada. O co-apresentador Tiago Abravanel tampouco apareceu muito, deixando quase tudo nas mãos da sempre ótima Fernada Lima.
Entre os concorrentes, dez artistas mais conhecidos por carreiras fora da música —e alguns nem tão conhecidos assim, como André Frateschi. Os desempenhos variaram bastante. Cláudio Lins esmerilhou com "Dinorá", de seu pai Ivan; Érico Brás esbanjou simpatia, mas não demonstrou potencia vocal ao encarar "Chantaje" de Shakira.
Já estão surgindo alguns vilões no júri, sempre entre os músicos mais experientes: Toni Garrido, Junior, Nando Reis e Samuel Rosa, por exemplo, nem sempre davam sua estrela ao calouro da vez. Mas o clima geral era de oba-oba e confraternização, com todo mundo pontuando bastante e se divertindo à pampa.
Talvez "Popstar" seja mesmo uma competição café-com-leite, mas este também é seu maior trunfo. Ninguém tem a obrigação de sair dali para vender discos e lotar shows: é só mais um passatempo na hora do almoço de domingo, e isto basta.
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