Rita Cadillac não perde o rebolado, e nem a dignidade
Quase 30 anos depois da morte de Chacrinha, a mais famosa das chacretes está de volta ao noticiário. A bem da verdade, ela nunca saiu. Ao longo dessas décadas, Rita Cadillac sempre encontrou uma maneira de se manter em evidência, seja fazendo shows em casas de detenção, participando de reality shows ou estrelando filmes pornôs.
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Na quarta-feira passada (12), Rita estava dando uma entrevista ao "Programa do Porchat" (Record). Convidada a imprimir seu mais famoso atributo —o bumbum— numa placa de cimento fresco, ela se irritou quando o apresentador disse que aquele registro iria para a sarjeta da fama.
Rita abandonou as gravações e foi ao Instagram dizer que havia sido humilhada: "Em todos esses anos de carreira, acho que nunca fui tão ofendida, nem mesmo quando fiz filmes para adultos".
A notícia repercutiu na internet, e gerou uma retratação. Fábio Porchat disse que se expressou mal e que estava fazendo troça de seu próprio talk show, não da convidada. Nesta segunda (17), Rita voltará ao Programa do Porchat para receber um pedido de desculpas diante das câmeras.
Dessa forma, o episódio termina bem para todos os envolvidos. E é totalmente coerente com Rita Cadillac, que construiu uma longa trajetória explorando o próprio físico sem jamais perder a dignidade.
Qual é o diferencial de Rita Cadillac? Afinal, mulheres gostosas existem aos montes. Milhares delas surgem na mídia todos os anos, para desaparecerem logo depois. E, no entanto, Rita continua aí, causando aos 62 anos de idade.
Ela não era a mais linda das chacretes, nem a que tinha o melhor corpo. Dançava bem, é claro, mas nunca ficou conhecido por sua habilidade coreográfica. Gravou algumas músicas, mas está longe de ser uma grande cantora. E sobreviveu a alguns anos na indústria pornográfica, o que costuma ser uma pá de cal em muitas carreiras.
O segredo de Rita não está no bumbum, mas no carisma. Ela sabia olhar para a câmera melhor do que qualquer outra de suas colegas nos programas do Chacrinha. Enquanto todas erguiam os braços para fazer o famoso "roda, roda, roda e avisa", Rita mexia só um dedinho, provocantemente minimalista.
O resultado é que ela é a única chacrete que continua na ativa, mais ou menos na mesma linha de trabalho. E tudo isso, repito, sem jamais se fazer de vítima. Rita sempre se portou com lucidez, ciente dos próprios limites e das barreiras impostas pela sociedade.
Tudo isto está muito bem retratado no documentário "Rita Cadillac: a Lady do Povo", de Toni Venturi, que estreou nos cinemas em 2010. Toda a história dela está lá, permeada por depoimentos que revelam sua articulação —talvez devida à educação em colégio de freiras ("uma bunda que pensa", a definiu sua xará Rita Lee).
Rita rebolou muito, posou nua, fez filmes de sexo explícito, mas sempre se deu ao respeito. O entrevero com Porchat só confirmou esta postura. É bom para o moral.
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