O Oscar ficou muito mais divertido por causa da internet
Para apreciar ao máximo a entrega dos Oscars, não basta assisti-la pela TV paga com a tecla SAP apertada (quem viu pela Globo perdeu nada menos que seis prêmios). Agora a experiência só se completa com a internet, que estava em polvorosa com tudo o que acontecia dentro do Dolby Theatre, em Los Angeles.
A farra começou ainda no tapete vermelho. As atrizes resolveram ousar mais este ano, e o resultado foram memes circulando na rede antes mesmo da cerimônia começar. A primeira que viralizou foi Marion Cotillard, que surgiu num modelito que parecia feito de plástico bolha.
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Lupita Nyong'o também causou sensação, a bordo de um vestido de pérolas criado pelo brasileiro Francisco Costa para a Calvin Klein —lindíssimo, e provavelmente bastante desconfortável na hora de sentar. Mas, poucos minutos depois, a blogosfera só tinha um assunto: Lady Gaga e suas imensas luvas vermelhas. Lacrou!
O espetáculo em si zarpou bem, com um número musical espetacular —a especialidade de Neil Patrick Harris, um veterano da Broadway. Infelizmente, o apresentador não demorou a decepcionar: suas piadas estavam mais fracas que as de outros anos, e o momento em que ele invadiu o palco de cuecas —uma referência ao grande vencedor da noite, o filme "Birdman"— pareceu totalmente gratuito.
A sem-gracice de Harris foi compensada pela animação da plateia. Meryl Streeo ganhou seu próprio gif ao reagir com entusiasmo ao discurso feminista da vencedora como atriz coadjuvante, Patricia Arquette (tão descabelada que parecia ter ido de moto sem capacete). "You go, girl!"
Jared Leto lembrava uma versão mal-vestida de Jesus Cristo, dentro de um horrendo smoking azul claro. John Travolta devia estar usando uma máscara muito parecida com ele mesmo. E Sean Penn, antes anunciar o melhor filme, fez uma pausa para pensar numa piadinha e sacanear seu amigo Alejandro G. Iñárritu, com quem filmou "21 Gramas". O melhor que conseguiu foi perguntar quem deu "green card" para o diretor mexicano, o que soou como racismo.
Mas nada irritou mais os internautas do que a ausência de Joan Rivers da lista dos homenageados no segmento "In Memoriam". A falecida comediante não só era atriz, roteirista e diretora de cinema, como basicamente inventou as entrevistas no tapete vermelho. Que vergonha, Academia!
O ponto alto da noite acabou sendo um momento que não tinha nada a ver com a premiação: o tributo aos 50 anos de "A Noviça Rebelde". Sem nenhum truque, Lady Gaga simplesmente arrasou cantando um pot-pourri de canções daquele filme clássico (tão boas que mastigaram, digeriram e expeliram todas as cinco indicadas ao Oscar de melhor canção deste ano). Gaga foi a Annie Lennox do Oscar.
Também merece destaque a quantidade de discursos de agradecimento que tiveram teor político. Falou-se em igualdade entre os sexos, igualdade racial, esclerose múltipla, mal de Alzheimer e suicídio de veteranos de guerra. O mais emocionante de todos foi o de Graham Moore, vencedor pelo roteiro original de "O Jogo da Imitação". O jovem roteirista mandou uma mensagem contundente: "continue esquisito, continue diferente".
Apesar do relativo fiasco de Neil Patrick Harris, foi uma noite divertida e memorável. Minhas cinco horas diante da tela da TV passaram voando, muito graças a outra tela —a do computador. Ano que vem tem mais.
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