Sergio K. deu tiro no próprio pé com camisetas para a Copa
Poucos deslizes são mais graves para uma marca do que agredir uma parcela de seus consumidores. Foi o que fez a grife de moda masculina Sergio K. com sua coleção de camisetas supostamente engraçadinhas, inspiradas na Copa do Mundo que se aproxima.
O caso já é sério candidato ao título de desastre de marketing do ano. Inclusive pela forma intempestiva com que o titular da marca reagiu às críticas nas redes sociais, o que só aumentou o tamanho de seu problema.
Camisetas acusadas de promover homofobia esgotam em lojas
Grife chama Cristiano Ronaldo de 'gay' e é acusada de homofobia
Para quem ainda não sabe: a Sergio K lançou, no início de fevereiro, uma série de cinco camisetas com insultos a craques de futebol estrangeiros. Um deles totalmente gratuito: por quê dizer "Zidane is Over" ("Zidane já era"), quando a carreira do jogador francês já se encerrou há alguns anos?
Mas o que causou indignação foram os modelos com os dizeres "Maradona Maricón" e "C. Ronaldo is Gay".
Em entrevista à "Veja São Paulo", o empresário Sergio Kamalakian disse que usou iniciais para evitar eventuais processos. Talvez ele até consiga escapar da acusação de fomentar o preconceito, mas irritou os homossexuais - de longe, o segmento masculino que mais gasta com roupas.
As frases em si são neutras. Ser gay ou deixar de ser não é defeito nem qualidade: é apenas uma característica. Mas, como em tudo na vida, o que importa é o contexto.
E o contexto, neste caso, é para lá de negativo. A Sergio K "xinga" os craques de gays, como se fosse uma vergonha. A marca vai contra todas as campanhas contra o "bullying" e pela igualdade e tem a estupidez de achar que fez uma piada inocente.
Pior: Kamalakian ainda disse ao "F5" que emprega muitos homossexuais em sua grife. E assim repete a desculpa esfarrapada dos homofóbicos de carteirinha, que pregam a discriminação, ao mesmo tempo em que juram ter amigos gays.
Os internautas levaram mais de um mês para se escandalizar com o caso. Mas, quando se deram conta, a gritaria foi grande. Já existem até petições nos sites Avaaz e All Out pedindo que a coleção seja recolhida.
A marca reagiu mal. As críticas na página da Sergio K. no Facebook foram prontamente apagadas. E o próprio Kamalakian entrou em bate-boca com os queixosos no Twitter, acusando-os de recalque e vagabundagem.
No final da noite de segunda-feira (7), jogou a toalha. Pediu desculpas se ofendeu alguém, disse amar os gays e implorou para mudar de assunto.
Na terça-feira (8), toda a série de camisetas ofensivas havia sumido da loja online da marca. Segundo a assessoria da empresa, as peças foram todas vendidas.
Ainda é pouco. A Sergio K. ainda precisa reconhecer publicamente a burrada que cometeu, e talvez doar os lucros das vendas das infames camisetas para alguma ONG pró-LGBT. É o que aconteceria nos Estados Unidos.
Só assim ela conseguirá reverter o dano que infligiu à própria imagem. Caso contrário, passará recibo de que não está em sintonia com os tempos que correm - e isto é fatal para qualquer produto de moda.
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