Tony Goes

Desrespeito dos canais pagos aos fãs de séries incentiva a pirataria

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Liguei minha TV neste domingo (28) no canal Studio Universal pouco antes das 21 horas, para assistir ao segundo episódio da segunda (e última) temporada da série "Smash".

Uma surpresinha desagradável me aguardava. Apesar de ainda faltarem mais de dez minutos para as nove, o programa já estava no final. Na sequência entrou o terceiro capítulo da temporada, sem mais nem menos.

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Não houve aviso, não houve chamada na semana anterior, nada que me alertasse sobre a mudança de horário. Acessei o site do canal e, apesar da navegação não ser das mais fáceis, consegui descobrir que a mudança valeu apenas para este domingo. A partir da semana que vem, "Smash" volta para as 21 horas, e apenas um episódio será exibido.

Assim fica difícil, não é mesmo? A gente se programa para estar em casa numa determinada hora, e os canais pagos simplesmente não cumprem o combinado. Pior: não avisam o espectador de eventuais alterações na grade.

Este é só um dos pequenos desrespeitos a que são submetidos os fãs de séries como eu. Outro exemplo? Agora sou obrigado a assistir "Smash" dublado. A dublagem até que é bastante boa, mas por que o Studio Universal não disponibiliza um segundo canal de áudio com o som original?

Pelo menos "Smash" ainda é exibida no horário nobre. Pior destino tiveram "sitcoms" badaladas como "30 Rock" ou "The Office", cujas últimas temporadas foram exibidas no começo deste ano nos Estados Unidos.

Crédito: Divulgação Jennifer Hudson em cena de 'Smash', produção que fala de musicais
A atriz Jennifer Hudson em cena da segunda temporada de "Smash", produção que fala de musicais

"30 Rock" já foi uma das grandes atrações do canal Sony. Não é mais. A sexta temporada da série criada e estrelada por Tina Fey, vencedora de uma penca de Emmys, ganhou por aqui o cruel horário das 17h30 de sexta-feira. Pior sorte teve a sétima e derradeira: 10h30 de sexta. Com reprises de madrugada.

E "The Office", então? Sua temporada final, elogiada pela crítica e indicada a prêmios, foi relegada pelo canal FX para as 8h de sábado. Não basta gostar do programa: o fã também tem que ter uma disciplina férrea. Ou um bom DVR incluído em seu pacote por assinatura.

Isto sem falar nas legendas intermitentes: os tradutores simplesmente desencanam quando alguma fala não lhes soa claríssima. Ou nos sites confusos, mais preocupados em repetir o que se fala dos canais nas redes sociais do que em fornecer informações precisas.

A penetração da TV paga no Brasil está uns dez anos atrasada em relação ao resto da América Latina (e uns vinte se comparada aos EUA). O crescimento se acelerou nos últimos anos, e há um esforço enorme em oferecer produções nacionais e filmes dublados para atrair um público maior.

Mas isto ocorre ao mesmo tempo em que a plataforma Netflix, que oferece filmes e séries online, se firma no país, o que pode alterar radicalmente os hábitos da audiência. E ainda há a facilidade com que qualquer série é encontrada na rede, muitas vezes com legendas amadoras melhores do que as que vão ao ar.

Os canais pagos precisam tratar melhor seus assinantes. Porque, quando gostamos muito de alguma série e ela não nos é apresentada de maneira razoável, nós vamos atrás dela na internet. E quem procura acha.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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