Tony Goes

James Bond morreu, viva James Bond

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O novo filme de James Bond, "Operação Skyfall", estreia dia 26 de outubro em quase todo o planeta, inclusive no Brasil. Vou ver, porque adoro as aventuras do 007. Mas também vou reclamar muito, porque Daniel Craig simplesmente não é um bom James Bond.

Site mostra quanto custa ser James Bond

Para começar, o sujeito é louro. Louro! Um sacrilégio. Na cultura ocidental, os cabelos louros remetem à inocência das crianças e à pureza dos anjinhos. E o pesonagem não tem nada de puro ou inocente. James Bond TEM que ser moreno.

E não é só isto. O Bond de Daniel Craig também não tem um pingo de senso de humor. Claro que isto não é culpa do ator e sim dos roteiristas, que tentam escapar da galhofa generalizada em que a série ameaçava se transformar.

Crédito: Divulgação Daniel Craig interpreta novamente James Bond em "007 - Operação Skyfall"
Daniel Craig interpreta novamente James Bond em "007 - Operação Skyfall"

Mas tem como o cara saltar de um despenhadeiro a bordo de um par de esquis, cair dentro de um helicóptero em movimento e desviar de uma cordilheira nevada, ao mesmo tempo em estrangula o piloto usando uma única mão, sem dar um mísero sorrisinho? As situações são tão absurdas que levá-las a sério só aumenta o ridículo.

Para completar, o James Bond atual não tem refinamento. Aposto que não sabe nem pegar nos talheres. Já seus antecessores eram autênticos almofadinhas, que faziam um dry martini de olhos fechados ou saíam de smoking de dentro de um traje de homem-rã como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Daniel Craig faz um Bond violento, taciturno, quase rústico. Muito distante do espião dos livros de Ian Fleming, que escolheu o suave ator inglês David Niven para encarná-lo no cinema.

Na minha modesta opinião, o melhor 007 da telona ainda é o original, Sean Connery. Nenhum outro ator dosou tão bem a arrogância, a sensualidade e a ironia que compõem o personagem. Connery ainda projetava uma aura de perigo que passou ao largo de alguns de seus sucessores, como Roger Moore ou Pierce Brosnan.

Mas o fato é que o James Bond de Daniel Craig é um sucesso de bilheteria. Menos empertigado, mais sofrido, parecido com heróis modernos como Jason Bourne. Os produtores nunca faturaram tanto com os filmes da série.

Como se explica isto? Simples: o personagem soube se adaptar aos novos tempos. O público de hoje não se interessa por firulas. Ao mesmo tempo, Bond se manteve fiel à sua essência: ainda é uma fantasia masculina básica. Afinal, qual homem que não sonha em salvar o mundo e comer muitas mulheres?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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