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Tony Goes

"Casseta e Planeta" e "Pânico": a volta dos que não foram

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Dois humorísticos tradicionais reestrearam neste final de semana. Há algumas semelhanças entre eles: nasceram em outros meios de comunicação, ficaram um certo tempo fora do ar e voltaram prometendo novidades. Acabaram alcançando resultados parecidos no Ibope.

O "Casseta e Planeta" (Globo) trocou o sobrenome "Urgente" por "Vai Fundo". A proposta agora não é mais satirizar o capítulo da novela que acabou de ir ao ar, nem tirar sarro do noticiário. O novo formato pretende focar num único tema por semana. O assunto da estreia foi "celebridade", o que só serviu para a trupe prosseguir no humorismo chapa-branca.

Os "cassetas", que já foram tão cáusticos na mídia impressa (com a revista "Casseta Popular" e o jornal "Planeta Diário", onde os integrantes do programa despontaram), acabaram sendo domesticados pela TV. Os textos de hoje não têm mais o veneno dos primeiros tempos. Além disso, nenhum dos caras é exatamente bom ator. As imitações são quase sempre canhestras, o que tem lá seu charme. Mas muitas vezes as piadas se perdem porque são mal contadas.

Bussunda deixou um buraco enorme no grupo, que os novos integrantes ainda não preencheram. Maria Melillo, a vencedora do "BBB 11", entrou no lugar de Maria Paula, mas fez uma aparição tão relâmpago no primeiro episódio que ainda não pode ser avaliada. Miá Mello e Gustavo Mendes Miranda surgiram em quadros proprios, mas porque não interagem com o resto do elenco? Os "cassetas" permanecem um grupinho fechado, machista feito o clube do Bolinha e com um estilo que começa a ficar datado. O público talvez concorde: a estreia deu só 15 pontos, o que é pouco para o padrão global.

Mas é inegável que o "Casseta" provocou uma ruptura no nosso humor televisivo e influenciou muitíssimo tudo o que veio depois. Um de seus "descendentes" é o "Pânico", que nasceu no rádio, ficou por uma década na Rede TV! e, depois de uma saída turbulenta, retornou ontem no mesmo horário mas em casa nova, a Band.

O entusiasmo dos integrantes era palpável. O programa voltou reenergizado, com quadros novos mas nenhuma surpresa. O que seria a grande revelação da noite, a identidade das novas panicats, acabou virando encheção de linguiça. Só uma foi desmascarada, e é a boa e velha Babi Rossi. Como disse o próprio blog da atração, é a volta dos que não foram.

Mas muita coisa funcionou bem, como a participação na abertura do trio que canta "Para Nossa Alegria", o viral de maior sucesso no Brasil nas últimas semanas. As estrelas da Band também se fizeram presentes, de Val Marchiori à ótima imitação de Marvio Lúcio para Boris Casoy.

É curioso como o "Pânico" é o único humorístico que tripudia pobres, feios e gordos, e ainda assim consegue escapar ileso. Imagine o escândalo que seria se um quadro como "A Glamurosa Vida da Classe C" fosse exibido pela Globo.

O primeiro "Pânico na Band" acabou superando as expectativas e cravou média de 11 pontos de audiência, com picos de 15. Mostrou que o público habitual do programa migrou junto com ele. A dúvida agora é se o "Saturday Night Live" de Rafinha Bastos, ainda sem data de estreia, vai conseguir arranhar esses números. Ou se trará, de fato, alguma coisa nova para o humor da TV brasileira.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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