O que que o Nero tem?
Há não muito tempo, o Nero era aquele programa que se usava pra queimar CDs —naquela época em que ainda se usava CDs.
Hoje, o Nero é o Alexandre, ou José Alfredo, ou o Comendador, o novo galã na faixa dos 40 anos que a Globo finalmente conseguiu emplacar, num tempo em que Fábio Assunção e Marcelo Antony já não rendem mais, e Selton Mello, Wagner Moura e Du Moscovis não querem nem ouvir falar de fazer novela.
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Pra toda mulher que pergunto, tenha 20, 30 ou 50 anos, Alexandre Nero é uma unanimidade. O cabelo grisalho "selvagem", o olhar arregalado de quem vai te comer o fígado por alguma coisa errada que você fez e não sabe, o figurino pretinho-básico versão pra homem. Tudo contribui pra aura do Comendador, que vai para cama tanto com a ex-mulher (Lília Cabral, 57) quanto com a amante Isis (Marina Ruy Barbosa, 19).
Outro dia, na festa de uma amiga, perguntei a uma roda de mulheres se o achavam tudo isso. "Nossa", "Claro", "Maravilhoso", "Pegava muito" foi tudo o que recebi em resposta. Decidi consultar minha mãe, que nos idos de 1990 tinha Victor Fasano como o suprassumo da beleza masculina em "Barriga de Aluguel" —e simplesmente ignorava toda a canastrice dele como ator.
- Mãe, o que você acha do Alexandre Nero?
- Afe! Odeio.
- Sério?! A senhora é a primeira mulher que me diz isso.
- Esse Zé Alfredo é horrível, grosso, machista...
- Não, mãe! Não tô falando do personagem. Tô perguntando dele como homem.
- Ah! Maravilhoso. Sempre achei.
Joguei a toalha...
E pensar que o Nero estreou em novelas há apenas seis anos justamente ao lado de Lilia Cabral, como o quitandeiro Vanderlei, louco pela freguesa que apanhava do marido (o eterno bronco Jackson Antunes). Pagou o mico de fazer um vilão que terminava devorado por um tubarão (sim, é isso mesmo que você leu) em "Escrito nas Estrelas", novelinha espírita das seis. Foi nessa novela que circulou o rumor de que ele teria dado um piti violento com a produção por não ter deixado ele trocar de roupa após uma cena na lagoa Rodrigo de Freitas e teria ficado sem roupa em plena lagoa. Depois foi a vez de ele mesmo fazer o marido violento, de Dira Paes, em "Fina Estampa". E ainda passou por outras duas novelas fracas, "Salve Jorge" e "Além do Horizonte", antes de alcançar a glória do Comendador.
As pérolas do Gilberto
Desde que o canal Viva decidiu reprisar uma novela atrás da outra de Gilberto Braga, é difícil não ligar a TV à meia-noite e ficar esperando alguma pérola dos personagens. Há 30 anos, Gilberto tinha o saudável hábito de linkar seus personagens com fatos reais da História —do mundo todo, não só do Brasil.
Em "Água Viva" (1980), a milionária Stella Simpson falou uma vez que ser mãe impõe sacrifícios. "Uma vez, quando era garotinho, o Bruno teve pneumonia e eu tive que faltar no casamento da princesa Grace com o Rainier pra ficar com ele". Sacrífico de rico é outra coisa...
Em "Dancin' Days" (1978), no ar atualmente, a rica e arrogante Yolanda (Joana Fomm) entra na loja da francesa Solange (Jacqueline Laurence) pra tirar satisfação por ela ter brigado com a filha Marisa (Glória Pires). A colega Emília tenta barrar Yolanda. Solange retruca: "Deixa, Emília! Eu já enfrentei nazista na França ocupada com cinco anos de idade. Não vai ser uma grã-fina no desvio que vai me abalar!".
Não se fazem mais diálogos como antigamente.
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