Renato Kramer

A gaúcha ganhou

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Concurso de miss nunca foi decidido pela plateia. Não depende de quem tem maior ou menor torcida. Já pensou?! Se assim fosse, era só o pai rico de uma das garotas contratar um mundo de gente para ir torcer por sua menina e pronto: estava ganho o concurso!

Miss Bahia e Miss Rio Grande do Sul disputaram o primeiro lugar no concurso Miss Brasil 2011, na noite do último sábado, em São Paulo. A torcida gritava por Miss Bahia. Mas foi a gaúcha que levou o título. Abaixo de vaias. Pode?! Pode, afinal o público tem todo o direito de se manifestar...tem? Médio. Respeito é bom e todo o mundo gosta. E ainda gritavam "marmelada", como se a candidata tivesse vencido por alguma espécie de falcatrua.

Crédito: Almeida Rocha/Folhapress A Miss Brasil 2011, Priscila Machado
A Miss Brasil 2011, Priscila Machado

Se há ou não algum tipo de manipulação nesses concursos, isso é uma outra questão. Há sempre quem suspeite, mas dificilmente alguém comprova. Quanto às candidatas que estão ali, naquele instante especial e único de suas vidas, elas dependem pura e simplesmente dos jurados que foram convidados apenas com essa função: escolher a mais bela. Na opinião e dentro do critério deles, é claro.

E neste sábado eles elegeram Priscila Machado, a Miss Rio Grande do Sul 2011, como a candidata com maiores condições de receber a coroa de Miss Brasil. Simples assim.

Gabriela Rocha, a Miss Bahia 2011, é encantadora, tem um ótimo desfile, um corpo escultural, é carismática, mas não possui os traços da chamada "beleza clássica". E nesse quesito, a gaúcha foi mais forte. É aquele tipo de moça de quem se diz imediatamente: "Ela tem cara de miss!". E não estou sendo "bairrista". Estava até achando que a candidata de São Paulo, Rafaela Butareli, classificada em quarto lugar, tinha grandes chances de vencer o concurso. Belíssima, mas se mostrou um tanto despreparada, tanto no desfile quanto na entrevista.

Agora, fazer a moça receber a faixa e a coroa abaixo de vaias...que papelão! E o pior, gritando freneticamente "marmelada, marmelada" - como se ela não tivesse nenhuma condição de ser a vencedora. Muita falta de consideração. Já que estavam presentes em uma 'Festa da Beleza', que tivessem um pouco mais de "aplomb".

Especialmente esse ano, que o Miss Universo, em sua 60ª. edição, pela primeira vez na história será realizado no Brasil. Só espero que esse mesmo pessoal que a vaiou não apareça por lá para torcer contra! Mas o "santo" de Priscila Machado parece ser forte. Ao ser anunciada como semifinalista pela apresentadora Adriane Galisteu, a gaúcha fez rapidamente um sinal da cruz. Quando recebeu o título de Miss Brasil 2011, fez um outro, desta vez longo e cerimonioso. Bem, que ela continue rezando. O Miss Universo está aí: dia 12 de setembro, em São Paulo. Da minha parte, já estou engrossando a reza!

A atração musical da noite ficou por conta do charme e do talento de Diogo Nogueira. Elegantemente vestido, num terno completo, com colete e tudo, esbanjou atitude num corte de cabelo estilo moicano e numa barba rala, à la "adorável cafajeste".

As apresentadoras contrastaram, na roupa e na postura. Adriane Galisteu, que acertou lindamente em seus vestidos tanto para apresentar o Miss Minas Gerais quanto o Miss São Paulo 2011, escorregou um pouco desta vez, com um longo preto com excesso de tecido na saia, que parecia pesada. Entretanto, esbanjava simpatia e segurança.

Já Nayla Micherif, Miss Brasil 1997, acertou no modelo, mas não tanto no cabelo e nos brincos de argola, que lhe davam um ar de "Sandra Rosa Madalena". E, embora seja veterana em apresentar o Miss Brasil, sempre dá um ar de que está estreando.

Olha, nada contra os bailarinos, mas não é a primeira vez que há a intervenção de um grupo de dança no Miss Brasil. Até aí, ótimo.Eles dançam bem e tudo. Mas ficam deslocados. Parece não ter um porquê deles estarem lá! Talvez seja o estilo da coreografia, sei lá, alguma coisa causa um estranhamento na participação deles. Na tentativa de interagir com as misses, as vezes atrapalham a entrada delas. Um deles chegou a pisar na cauda do vestido de uma delas.

Bastante pitoresca foi a rápida aparição da Miss Território (na época) do Acre 1956, Wilma Campos de Araújo, junto com a Miss Minas Gerais 1956, Aneliz Kjaer. "A melhor coisa do concurso? Foi a nossa amizade que já dura 55 anos!", afirmou Miss Aneliz, com um grande sorriso para a amiga.

Noite de glória para a acriana Danielle Knidel, que como terceira colocada vai disputar o Miss Continente Americano 2011. Para a baiana Gabriela Rocha, que conquistou a plateia do HSBC em São Paulo e que, como segunda colocada, vai disputar o Miss Internacional 2011.

E os nossos aplausos mais do que especiais para Priscila Machado, a Miss Brasil 2011, que veio lá dos pampas para ser eleita a "mulher mais bela do país" e agora vai tentar repetir o feito de Ieda Maria Vargas, a encantadora gaúcha que foi Miss Universo 1963.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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