Renato Kramer

'É preciso encontrar essa fonte inesgotável de amor', disse Yoná Magalhães

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"80 anos de vida, boa parte deles dedicados às telenovelas. Uma carreira que nasceu junto com a TV no Brasil, lá no tempo do preto e branco", anunciou o apresentador Tadeu Schmidt na abertura da homenagem que o "Fantástico" (Globo) prestou homenagem à atriz Yoná Magalhães (1935-2015) no domingo (25).

"Eu comecei muito bem, porque eu comecei começando", declarou Yoná em depoimento gravado em programa anterior. "O que é que isso quer dizer? Na televisão eu fazia figuração em meados da década de 50, até que eu consegui um contrato com a Rádio Tupi", conta a atriz.

"Yoná, que queria ser professora, foi mestra na arte de atuar", declara Schmidt. "Eu fico muito orgulhosa de ter participado de novelas, de minisséries que atestam a grandeza, a beleza da dramaturgia brasileira", declarou Yoná ainda em seu depoimento.

Yoná participou de por volta de 50 telenovelas. É considerada a primeira 'mocinha' da TV Globo, quando fez "Eu Compro Essa Mulher" (1966) ao lado do ator Carlos Alberto (1925-2007), com quem viria a formar o primeiro par romântico da emissora. Voltando a atuar juntos em "A Ponte dos Suspiros" (1969), tornaram-se então a dupla mais famosa da televisão brasileira.

Crédito: Ana Carolina Fernandes/Folhapress A atriz Yoná Magalhães, que morreu nesta terça-feira aos 80 anos, na zona sul do Rio de Janeiro
A atriz Yoná Magalhães, que morreu na última terça-feira (20) aos 80 anos, na zona sul do Rio de Janeiro

"Foi também referência em beleza", acrescenta Tadeu. "Olha as pernas", comenta Yoná em uma cena em que coloca os sapatos. E observa: "Eu já sabia que eu tinha pernas! Do corpo também, eu acho que você tem que cuidar. Tanto para estar saudável, estar bem, ter saúde, ter força pra aguentar o tranco das gravações —como pra ficar bonita, ficar bem".

"Yoná Magalhães nos deixou na terça-feira (20) passada", relembrou Schmidt, "e leva com ela uma parte da história da televisão brasileira". Questionada sobre o que ela gostaria de dizer para as pessoas pela então repórter Fátima Bernardes, Yoná falou: "Para as pessoas prestarem atenção em si mesmas, encontrar esse caminho, essa fonte inesgotável de amor, beleza, de força que nós todos temos dentro de nós". Yoná certamente o encontrou e soube trilhá-lo com muito brilho.

Ao fundo, a cena da redenção de Tonha em "Tieta" (Globo, 1989-1990), um dos personagens mais marcantes da carreira de Yoná Magalhães, que esvoaçava longos lenços, os longos cabelos, num largo sorriso, toda plena —enquanto Simone cantava: "Quero ser assim, quero ser assim, senhora das minhas vontades e dona de mim". Grande atriz. Descanse em paz.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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