Renato Kramer

'A Mandrágora' mantém a magia e o frescor em sua volta aos palcos

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Montada pelo Grupo Tapa pela primeira vez em 1988, a peça "A Mandrágora", de Maquiavel, que teve outra versão de sucesso em 2004, está de volta aos palcos do Teatro Aliança Francesa (SP) com o mesmo vigor e frescor.

Sempre sob a direção 'cirúrgica' de Eduardo Tolentino Araújo, o espetáculo é ágil, ritmado e surpreendentemente contemporâneo, mesmo se tratando de um clássico escrito em 1503.

A história envolve paixão, poder, avareza e traição, no melhor estilo 'maquiavélico'. Um jovem italiano rico, apaixonado por uma bela e também jovem senhora, faz de um tudo para enganar descaradamente o velho marido para ficar com a sua bela esposa. Como sabe que o sonho do velho é ter um filho e não pode, disfarça-se de médico e receita uma poção afrodisíaca, mas fatal: a mandrágora. Para isso tem a ajuda dos servos, da mãe da moça e do seu próprio padre confessor.

O elenco é primoroso. Calímaco, o jovem italiano apaixonado, é vivido pelo talentoso e carismático Bruno Barchesi, que junto ao seu servo, o divertido Cesar Baccan e o servo do velho iludido realizado pelo ótimo André Garolli, forma um trio imbatível. O texto, embora mantendo o estilo, fica leve e fluente na boca dos três atores, criando um 'ping-pong' impossível de desviar a atenção.

Guilherme Sant'Anna, que ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como Melhor Ator em 2004 vivendo sempre o velho marido traído, mantém a qualidade do seu trabalho, numa composição perfeita no melhor estilo farsesco.

A graça e a sensualidade de Cinthya Hussey, que vive a esposa cobiçada, a malandragem explícita da mãe da moça, realizada pela sempre marcante Maria do Carmo Soares e o cinismo avaro do debochado padre de Paulo Marcos completam o elenco afinado de "A Mandrágora".

Destaque também para a bela cenografia e os figurinos de Lola Tolentino e a iluminação sensível de Nelson Ferreira. "A Mandrágora" do Grupo Tapa é um espetáculo teatral da melhor qualidade: tem bom texto, bom visual, boas atuações e boa direção.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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