Renato Kramer

'Que maravilha! Sinal que não morri moça!', diz Rosamaria Murtinho sobre envelhecer

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Ela foi "A Moça Que Veio de Longe" (TV Excelsior - 1964) em sua estreia na televisão e a primeira mocinha a ter um verdadeiro final feliz com o seu galã, o talentoso ator Hélio Souto (1929-2001). Rosamaria Murtinho foi a convidada do "Persona em Foco" (Cultura) desta terça-feira (22).

Muitas histórias para contar de uma carreira rica e repleta de bons trabalhos, Rosamaria destacou um momento não muito agradável de sua trajetória. O período em que se tornou presidente do Sindicato dos Artistas do Rio de janeiro.

"Foi a coisa mais traumática que eu tive na minha vida: ser presidente do sindicato!", afirma Rosamaria. "Nós queríamos fazer um código de ética como tem em todas as profissões. Então fizemos uma festa, o Hotel Glória (RJ) doou pra gente, e apareceram 6 atores!", conta a atriz com ar de decepção total.

E completa: "Eu fiquei muito decepcionada com os sindicalistas que trabalhavam lá. Na verdade, eles queriam um 'upgrade' político, e eu queria cuidar dos atores. Fiquei muito desgostosa. Porque as pessoas não estão interessadas em fazer alguma coisa pelos artistas. É muito difícil, porque os artistas também não acreditam no sindicato. Fica um eterno dilema: não é bom porque não vai ninguém, não vai ninguém porque não é bom!", conclui.

Entre diversos depoimentos que a atriz recebeu durante o programa, o de Bárbara Paz foi o que talvez mais a emocionou. "Ai, a minha filha!", exclamou Rosamaria e chorou com o rosto entre as mãos. "A Bárbara Paz é um ser humano encantador", observou Murtinho com a voz embargada, "é uma atriz com muito talento. A gente sempre se tratou como mãe e filha", afirmou Rosamaria que fez o papel de mãe de Bárbara em "Amor à Vida" (Globo - 2013).


Ao abrirem as perguntas para a plateia, Rosamaria brincou: "Eles podem fazer qualquer pergunta que eu respondo. Só não podem perguntar a minha idade!".

Sobre os caminhos para se ter sucesso na carreira, a atriz disse acreditar que é preciso mais do que tudo ter a verdadeira vocação, além de contar com a sorte também. E quanto aos projetos futuros, Murtinho afirma que nunca criou expectativas. "Porque se você cria expectativas e não vem, você fica frustrado. Você não pode e não deve ter expectativas! Pode ter sonhos, vontade de fazer. A expectativa pode te fazer muito mal, se ela não vier como você quer".

Para encerrar, Rosamaria Murtinho falou sobre o envelhecer. "Me perguntaram como é ficar velha. E eu dei uma resposta de coração: você vê que maravilha, é sinal que eu não morri moça!".

Recado para os aspirantes à carreira de ator? "Primeiro persistência, vocação, não desistir nunca!" E exemplificou: "A Paolla Oliveira fez 13 testes, só então ela entrou na Globo. Às vezes a gente demora pra conseguir alguma coisa. E quando fizerem o primeiro sucesso, não pensem que será assim a vida inteira. Às vezes um sucesso só não quer dizer nada. Só sai na capa da revista, mas na outra novela você pode não trabalhar e a capa da revista já será com outra pessoa", declara a talentosa e experiente atriz.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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