"Adoro te ver, Jô!", foi logo declarando o ator Fúlvio Stefanini ao sentar-se no sofá do "Programa do Jô" (Globo) da última quinta-feira (17).

"Quando eu revejo os meus verdadeiros amigos, da nossa geração, eu fico emocionado: você, outro dia vi a Glória e o Tarcísio... Fico emocionado. Acho que tô ficando um velho babão!", concluiu Stefanini.

Fúlvio está em cartaz em São Paulo com a peça "Não Sou Bistrô". "É a história do chef catalão Margherita, que não considera o seu restaurante um bistrô, e acaba considerado o melhor restaurante de Barcelona (Espanha)", conta o ator.

Mas por achar-se já um tanto ultrapassado, sem ter aproveitado muito a sua vida, ele passa a fazer testes com novos chefs para poder substitui-lo. "É um espetáculo multifacetado", observa Fúlvio, "porque ele reúne o teatro de revista, com número de plateia, o teatro musical, com coreografias e tem o melodrama, que é a história dele. Tem caricatura, tem farsa, então é uma mistura de estilos que deu absolutamente certo. E tudo isso dirigido pelo meu filho Léo Stefanini, e o meu outro, Fúlvio Filho, está em cena", comemora o ator.

Como está vivendo um "chef de cuisine" na peça, Jô quis saber se Fúlvio cozinha. "Eu gosto de fazer algumas coisas. Por exemplo: molho de macarrão, ovo estalado, esquento salsicha", brinca. O apresentador coloca o seu amigo e convidado contra a parede. "Dá então a tua receita de molho de macarrão, como é que é?". Fúlvio ri muito enquanto tenta desconversar: "Você podia não ter me feito essa pergunta!".

No fim das contas, Stefanini arrisca: tomates descascados, carne moída e pedacinhos de bacon. "Fica uma delícia!", garante o ator. "Também, todo molho é assim!", argumenta. Jô discorda e discorre sobre outros molhos: alfredo di roma, matriciana, romanesca..."Putanesca!", lembra Fúlvio. "Não, à putanesca vai você!", arremata Jô.

Stefanini conta um evento de quando os amigos frequentavam o antigo restaurante Gigetto e Jô armou uma cena em que seria morto a tiros pelos colegas, jogando-se ao chão e soltando "ketchup" pela boca. A gritaria foi geral. Resultado: os amigos espirituosos foram expulsos do restaurante.

Há quase 40 anos casado com Vera, Fúlvio contou como a conheceu numa praia do Rio de Janeiro. "Eu era muito tímido!". Jô dá uma risadinha debochada e pergunta: "E aquelas meninas todas da revista que você saía, cada noite com uma, era por timidez?". Fúlvio desconversa um pouco, mas faz questão de ressaltar que ainda não era casado.

Ao lado de Juca de Oliveira, amigo de ambos, Stefanini fez grandes sucessos no teatro: "Meno Male", "Caixa Dois", "Procura-se Um Tenor". No telão aparece uma foto da telenovela "Fogo Sobre Terra" (Globo - 1974), na qual aparece o triângulo amoroso Pedro Azulão (Juca de Oliveira), Bárbara (Regina Duarte) e Gustavo Almeida (Fúlvio Stefanini).

Na sequência, uma cena em vídeo de um dos personagens mais marcantes de Fúlvio na televisão: o 'Don Juan' Tonico Bastos, que foi elogiado pelo próprio autor Jorge Amado (1912-2001). "O seu Tonico Bastos é melhor que o meu!", lhe declarou Amado. "Foi uma criação impecável!", assina embaixo o apresentador.

A peça "Não Sou Bistrô", de Paulo Emílio Lisboa, fica em cartaz até 27 de setembro no Teatro Viradalata (SP).

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"