"Embora eu seja um comediante, não vou fazer nenhuma piadinha idiota com o seu sobrenome", foi logo avisando o apresentador Danilo Gentili a sua convidada do "The Noite" (SBT) desta terça-feira (25), a atriz Suzy Rêgo.

"É o sobrenome da piada pronta!", observou a atriz. Então Danilo quis saber se "enchiam o seu saco" por causa do Rêgo na escola. "Enchiam, mas assim, já era piada desde sempre, né? Sempre foi".

"Você já pensou em mudar o sobrenome?", insistiu Gentili. "Nada, eu acho Rêgo belíssimo!", declarou Suzy com sua costumeira ironia fina.

"Você tem orgulho do Rêgo?", cutucou Danilo. "Tenho. Tem o grande escritor brasileiro José Lins do Rêgo", lembra a atriz. "Você é parente dele?".

"Gostaria!", retruca Suzy, bem humorada.

A atriz conta que começou como modelo, mas o seu verdadeiro intuito era o 'show business': "Na verdade eu sempre gostei de aparecer. Eu sempre fui fã de gente luminosa, brilhante, colorida, 'viada'!". confidencia. E dá alguns exemplos: a eterna jurada Elke Maravilha, a atriz Sandra Bréa (1952-2000) e a cantora Maria Alcina. "Essa coisa de gente colorida, de gente exibida, de gente animada!".

"Se você fosse homem seria uma drag queen?!", comentou Danilo. "Eu sou!", corrigiu Suzy de imediato. "É que eu tô presa nesse corpo, mas eu sou uma drag", confirmou.

Aos 17 anos surgiu a possibilidade de tornar-se Miss Pernambuco. "Será que eu quero ser miss?", ela teria se perguntado, mas resolveu aceitar porque tinha muita vontade de vir para São Paulo e o Miss Brasil daquele ano (1984) seria aqui. Acabou ficando em segundo lugar. "Por um ponto, Gentili!", queixa-se Suzy, que perdeu para a paulista Ana Elisa Flores.

Ao tentar se consolar com o seu pai pelo telefone, logo após o concurso, Suzy ainda teve que ouvir: "Erga as mãos pro céu! Você ficar em segundo lugar, pense numa vitória! Porque tu é linda... De rosto. De corpo tu sempre foi muito mal feitinha", declarou sem rodeios.

"Naquele momento eu já quis ficar em São Paulo. Descobri que sou doida, adoro São Paulo, adoro poluição!", brincou Suzy. Ficou por aqui e foi modelar atrás de dinheiro para fazer uma boa escola de teatro, que era o seu objetivo maior. Na publicidade foi praticando a necessidade de decorar textos, de lidar com a câmera, até que foi "descoberta" no clássico comercial do absorvente Tampax (1990), cujo bordão a perseguiu por muito tempo: "Incomodada ficava a sua avó!".

No SBT a atriz fez duas novelas: "Sangue do Meu Sangue" (1995) e "Amor e Ódio" (2001). Já passou pela Bandeirantes e na Rede Globo recentemente marcou presença em "Império" (2014), como a compreensiva esposa Beatriz Bolgari. "Muita gente falava que nessa novela você estava a cara da (presidente) Dilma. Eu acho que não tem nada a ver!", observa Danilo. "Obrigada!", agradece a atriz que discorda da semelhança, mas aceita com ironia: "Opinião é como ânus, cada um tem o seu!".

Suzy Rêgo, que confessa já ter confundido os seus gêmeos Marco e Massimo quando bebês, atua em um canal do Youtube ("iMãe") ao lado de quatro colegas e está em cartaz em São Paulo com a peça "Até Que o Casamento Nos Separe", no Teatro União Cultural, até o final de setembro.

"É de drama? Tem casamento eu imagino que é drama", diz Danilo.

"Você é casado?", pergunta Suzy.

"Não", responde Gentili.

"Casamento é uma grande comédia", afirma a atriz. "Você acha que eu sou bem humorada assim por quê?".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"