Renato Kramer

'Raiva envenena a gente, você fica feio, de boca torta', afirma Betty Faria

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A grande atriz Betty Faria, 74, esteve no "Programa do Jô" (Globo) desta quinta-feira (11) para falar de seu trabalho na peça "A Atriz" (Peter Quilter), em cartaz no Teatro do Leblon (RJ).

Logo de início o apresentador estranhou o fato de que a atriz estivesse com um microfone de mão para a entrevista. "Eu que pedi", explicou Betty, "porque o de lapela é bonitinho mas precisa botar uma caixa aqui atrás que, no vestido branco justo, eu ia ficar uma camela!". Riso geral.

Sobre o seu envolvimento com esse novo projeto, Betty confessa que ao terminar as gravações da novela "Boogie Oogie" (2014) tinha decidido dar um tempo: "andar na praia e deitar na rede". Mas um dia o seu empresário lhe telefonou falando da peça e ela, num impulso, aceitou.

"No dia seguinte eu fiquei tão arrependida!", confidenciou a Lazinha Chave-de-Cadeia de "O Espigão" (1974). "Eu pensei, que loucura! Onde foi que eu me meti?! Mas já estava metida. E agora está uma delícia, porque temos um elenco muito gostoso, passamos todos por um processo de concentração total, enfrentamos uma maratona de ensaios fantástica".


Mudando de assunto totalmente, Jô pergunta se Betty é budista. A Lucinha de "Pecado Capital" (1975) declara: "Eu pratico a filosofia budista há 19 anos. Eu gosto muito. Me ajudou muito também, porque eu sempre fui muito franca, verdadeira, impulsiva —e ninguém quer saber das suas verdades! É uma bobagem isso. É até uma forma de arrogância você ficar dizendo verdades, ninguém perguntou! Então foi baixando esse meu gênio impulsivo... Eu acho que estou melhorzinha", concluiu "Tieta" (1989).

"E quando você fica com raiva o que é que você faz?", quis saber o apresentador. ´Que boa pergunta!", comemorou a Antônia de "De Corpo e Alma" (1992), "porque hoje mesmo eu fiquei com uma raiva de uma pessoa! Mas tem uma máxima do budismo que eu gosto muito: transformar o veneno em remédio. Porque raiva envenena a gente, você fica feio, de boca torta, é horrível! Então eu pensei: eu estou com raiva dele porque ele fez uma coisa sem carinho, e eu fiquei pensando em como transformar isso", conta a Carlota Valdez de "Suave Veneno" (1999).

Em seguida a atriz esclarece que se tratava de algum crítico que estivera na sua estreia para convidados, coincidentemente dia do seu aniversário, e falou mal do trabalho. "Foi o único, todo o mundo adorou! A peça está sendo super bem recebida, pelo público, pelos colegas, diretores de cinema...menos esse mal humorado!", desabafou a protagonista de filmes como "A Estrela Sobe" (1974), "Bye, Bye Brasil" (1979) e "Romance da Empregada" (1988).

"Vamos combinar, Jô, ser velho já é difícil!", acrescentou a Djanira Pimenta de "América" (2005). "É muito difícil, você tem que negociar todo o dia: é o remédio, é isso, aquilo... É difícil! Agora, ser velho e mal humorado, é uma tristeza! Porque, coitado... Quantos anos mais um velho tem de vida? E de vida mal humorada, olha que chatice! E aí, ele fez uma crítica horrível, implicou com tudo e eu cheguei à conclusão que ele fez isso porque não comeu o meu bolo!", decretou Pilar Albuquerque ("Avenida Brasil" - 2012).

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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