"A gente vai conhecer a noite da eterna 'nova baiana' Baby do Brasil", anunciou Sarah Oliveira ao iniciar o "Calada Noite" (GNT) desta terça-feira (5).

Sobre o grande número de canções que a cantora gravou falando da noite, Baby declara: "Todas essas coisas de inspiração que acontecem com a gente que aproveita bastante essa poética da madrugada, as estrelas, o luar —a fila é menor pra falar com Deus também!", observa Baby, que já foi Consuelo.

"Esse lado espiritual combina mais com a noite ou com o dia?", quis saber Sarah. "O lado espiritual fica matrix mesmo... Por exemplo: nós estamos aqui vendo um céu, né? Ele é infinito. Nem a NASA nem ninguém conseguiu ter uma foto, nenhuma comprovação de onde o céu faz a curva, não tem um muro... Então o tudo e o nada está aqui. É o outdoor do Papai!", explica Baby, com seu raciocínio particular.

E acrescenta: "Agora é o seguinte: a conexão, ela presta quando é com a diretoria. vai ficar com os balconistas, com a recepcionista? Vai direto na diretoria, você é filho do cara! Pede tudo. Pra essa espiritualidade chega um momento em que tudo é lindo" —e canta o refrão da canção de Caetano: "tudo é divino maravilhoso".

Baby conta que fugiu de casa na calada da noite. "Eu não tinha coragem de falar pros meus pais que eu tinha que ir pra esse lugar, mas que eu não tava fazendo algo de revolta com a minha família, nem muito menos querendo abandonar a minha família. Eu só não ia conseguir o consentimento do meu pai, e eu fiquei numa situação que era muito forte! Como é que eu ia ser isso?!", relembra a moça.

"Você não fugiu, Baby. Você foi até lá fazer acontecer e voltou!", ajudou Sarah. "É isso mesmo, você arrasou agora!", cumprimentou-a a ex-mulher de Pepeu Gomes. A apresentadora indagou então sobre as noites no sítio de Jacarepaguá, onde os Novos Baianos moraram por um bom tempo juntos e onde nasceram grandes trabalhos, como o disco "Acabou Chorare" —eleito pela Revista Rolling Stone como o melhor álbum de música brasileira de todos os tempos.

"As noites lá eram maravilhosas. Uns gostavam de ir dormir mais cedo, outros ficavam tocando baixinho, o Pepeu tocava a guitarra meio desligada ou então no bandolim, aí Moraes (Moreira) já no violão, eu no afoxé —quando você via, era todo o mundo tocando", relembra Baby.

"A gente sempre teve uma vida muito saudável no sítio, era um momento todo família que a gente tinha. Pra ditadura, quando eles pensavam na gente morando juntos, eles achavam que a gente estava fazendo uma guerrilha. Quantas vezes foram lá pra ver que não era guerrilha, que era apenas uma turma morando junto e fazendo música. Pra gente foi uma escola de vida", relata a cantora.

"Meu dia é muito agitado, sempre!", confessa a cantora, "eu sempre acho que posso fazer sete, oito coisas ao mesmo tempo. E geralmente acabo fazendo! Tive seis filhos (Sarah Sheeva, Zabelê, Nãnashara, Pedro Baby, Kryshna Baby e Kriptus Baby) com a carreira a mil, compondo, viajando e tudo certo!".

"Aminha equipe tinha 23 pessoas, tinha fogão que ia junto, arroz integral, tudo! Eu só fazia shows que eu pudesse levar meus filhos, porque o meu olho tinha que proteger, sabe? Eu que era a autoridade espiritual sobre o filho. Não tem um dia na minha vida que eu não acorde ou vá dormir sem pedir pelos meus filhos. A mãe é muito poderosa, o pai também. A vó, meu Deus, a vó é uma loucura!", declara Baby que é avó de Rannah Sheeva.

"Eu tenho um lado masculino muito forte. Eu tenho até que maneirar. Claro que, se apertar o botão da mãe, nem o Hulk barra!", brinca Baby. "A letra do "Masculino Feminino" foi por causa disso?", perguntou Sarah. "Quando eu vi a letra pronta eu pensei: se o Pepeu cantar isso, vai ser muito mais impactante como mensagem para os homens", argumenta Baby.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"