Renato Kramer

Reconciliação de Enrico com o pai supera descoberta do 1º casamento de Marta em 'Império'

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Depois de ter doado sangue para salvar o pai, Enrico (Joaquim Lopes) voltou ao hospital para pedir perdão a Claudio Bolgari (José Mayer) no capítulo da última sexta-feira (13) de "Império" (Globo).

A cena foi comovente. Se Joaquim Lopes andara escorregando algumas vezes para um certo exagero em algumas cenas de histeria, nesta ele se redimiu completamente. Emoção intensa e na medida certa.

José Mayer, que esteve bem até aqui, conseguiu se superar e deu um show como o pai comovido com a volta do filho renegado que, depois de ter sido salvo por Claudio, teve a hombridade de salvar o pai com o seu sangue compatível.

"Enrico... [grande pausa cheia de intenção e delicadeza na forte emoção de Claudio, que ainda abatido e convalescente, consegue murmurar] "Me perdoa!", com extrema humildade.

Enrico desaba. "Não, pai!", e desanda num choro sentido. A mãe Beatriz (Susy Rêgo em sua melhor performance desde que voltou à televisão) assiste a tudo de perto, sem ousar interferir.

"Eu é que tenho que pedir desculpa! Mil vezes, pra sempre, meu pai!", desabafa Enrico entre lágrimas. "Desculpa, desculpa, ter sido tão, tão idiota, tão mau caráter, tão ignorante meu pai! Desculpa, eu não consegui encontrar dentro de mim a alma aberta pra te aceitar, aceitar qualquer pessoa que fosse diferente de mim. Eu tinha medo, pai, eu tinha medo!", confessa Enrico com dificuldade.


Beatriz emoldura a cena com a sua emoção forte e silenciosa. Enrico continua: "Eu acabei fazendo mal pra você e pra tanta gente. Mas acontece que um dia eu vi que o meu sofrimento estava maior do que o meu medo, sabe? Eu tinha que acordar pra vida! Quando a mamãe foi lá em casa pedir que eu doasse sangue pra você e eu vi que ela tava indo embora, eu não podia perder vocês dois —e eu fui pro tudo ou nada, eu não podia mais me esconder, você entendeu meu pai?". Claudio ouve tudo com uma expressão de esgotamento físico, mas de euforia espiritual.

Enrico quer soltar tudo de uma vez: "Quando eu vim pra cá pra doar meu sangue pra você, não foi só o sangue que eu doei. Eu doei meu amor de filho que eu consegui encontrar dentro de mim depois de tanto tempo. Então eu só quero te pedir uma coisa: me aceita como filho de novo! Porque eu nunca mais vou te rejeitar como pai! Eu prometo, meu pai, desculpa!", e desaba no colo de Claudio que chora mansinho.

"Meu filho", diz Claudio, com dificuldade, "Enrico, eu te amo, filho! Eu te amo!". Enrico chora convulsivamente. Quando se recupera, declara: "Eu também te amo, meu pai!. A cena é coroada com a expressão de profunda felicidade de uma mãe que presencia o que mais sonhava: o seu filho sempre amado fazendo as pazes com o seu não menos amado marido. O que uma mãe amantíssima pode querer mais? E Beatriz dá um show à parte ao passar toda essa comoção apenas no olhar, sem dizer uma só palavra. Bravo.

A direção soube valorizar o momento de cada ator, mantendo-os em "close up" o tempo todo. Os atores, por sua vez, souberam aproveitar o que lhes foi exigido pela força dramática da cena, num texto brilhante. Novela com cara de novela. E das boas!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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