Renato Kramer

Em 'A Fazenda 7', estilo 'sonso' de Léo Rodriguez faz sucesso e sertanejo volta de roça

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Nunca na história dos realities fazer o estilo "sonso" deu tão certo para chegar à final como o que está acontecendo com o cantor sertanejo Léo Rodriguez em "A Fazenda 7" (Record).

Junte-se a isso um simpático e carregado sotaque caipira, uma vasta cabeleira sempre nos trinques, um ar de "pidão" e uma "carcaça ajeitadinha", como diz o próprio peão sobre si mesmo: pronto, a chance de vencer o jogo é muito grande.

Na eliminação desta terça-feira (25) deu zebra total: Léo venceu o ator Marlos Cruz com 73,13% dos votos. Quer dizer, ser astuto, ter espírito de liderança, se entregar para o jogo de corpo e alma está totalmente fora de moda. O negócio é fazer a linha "papagaio de pirata", "fantoche" e "sombra" —assim como o sertanejo fez o jogo inteiro e continua sendo prestigiado pela maioria.

Claro que nem vou entrar em mérito de "maioria de votos" aqui. É só voltar os olhos para alguns dos nossos parlamentares mais votados que já se tem uma clara amostragem do que por vezes resulta o desejo da "maioria".

E o apresentador Britto Jr. elogiou a eventual estratégia do sertanejo, que poderia ser chamada de "ficar na moita". "Esse jogo tem que ser jogado e cada um que adote a sua estratégia", orientou o apresentador. Foi quando deu a dica de que seria o cantor que permaneceria no jogo: "E tem até estratégia que nem parece estratégia, mas se você for ver é estratégia!", concluiu. No caso deu a entender que o cantor, enquanto se fingia de morto junto a sua equipe e ficava na sombra dos que travavam os embates, não o fazia por ingenuidade e sim por esperteza. Essa era a sua estratégia.


É ou não é o "ficar na moita" uma estratégia perfeita? O cara fica ali na moita, deixando todos se digladiarem entre si, não tomando nenhum partido muito claro, argumentando apenas que precisa ficar do lado do seu grupo – não importa as barbaridades que eles estejam fazendo e eles é que paguem o pato.

Todos os colegas de equipe que tomavam atitudes e protagonizavam situações, com o apoio de Léo, foram eliminados. Ele, que permanecia na moita enquanto lhe convinha, segue lindo, leve e solto rumo ao grande prêmio. E já é, sem dúvida, o mais provável vencedor desta sétima edição de "A Fazenda".

Já pensou se a moda pega e os participantes de realities resolvem todos seguir o exemplo do cantor e "ficar na moita", o que aconteceria com o jogo? Nada. Pois é, simplesmente não aconteceria nada, pois para acontecer alguém precisa tomar a iniciativa de algo, agilizar, enfrentar as situações adversas, as discussões. Recolher-se na sua moita e só sair quando os outros já deram a cara à tapa é muito fácil.

Na verdade, como eu próprio já disse ontem aqui, não há que se cobrar lógica alguma nesse tipo de reality. Muito menos qualquer senso de justiça. Mas que chateia ver que o que batalhou para montar e arrumar a cama ser preterido pelo outro que apareceu só na hora de deitar, isso chateia.

A grande compensação para o ator Marlos Cruz, além dos bons prêmios que amealhou, ficou clara na sua conversa de despedida com o apresentador. "Agora quando você sair daqui você vai ao encontro de Débora [Lyra]?", perguntou Britto. "Com certeza!", respondeu de pronto o ator com brilho nos olhos. "E você acha que vai dar namoro, casamento?", alcovitou o apresentador.

"Nossa...lá fora com certeza a gente vai conversar sobre isso, sem dúvida. Eu torço que sim!", respondeu Marlos. "Tomara que dê certo", desejou Britto Jr., "tomara que não tenha sido em vão a tua passagem por aqui", concluiu o apresentador. Só pelo fato de ter conhecido e se envolvido com uma joia rara como a Miss Brasil 2010, seguramente a passagem do ator pela fazenda não foi em vão. "Eu já me sinto vitorioso, Britto!", afirmou Marlos Cruz abrindo o sorriso que iluminou "A Fazenda 7" durante toda a sua estadia.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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