Renato Kramer

Ex-Miss Brasil conta em livro como superou depressão e três tentativas de suicídio

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A bela Jacqueline Meirelles, Miss Brasil 1987, esteve no "Okay, Pessoal!" (SBT) da última quinta-feira (21) para falar do seu livro "Da Coroa ao Cajado" (Ed. Nova Sampa).

Até mesmo o apresentador Otávio Mesquita, amigo de Jacqueline, ficou surpreso com certos fatos tristes que aconteceram no período em que a ex-miss esteve doente. A costumeira irreverência do apresentador deu lugar ao respeito e à sobriedade que o assunto exigia.

"Eu tive depressão durante seis anos", confessou Jacqueline. "Foi terrível! E tive todas as doenças decorrentes da depressão: síndrome do pânico, TOC, bipolaridade, ansiedade, insônia – eu tive tudo, entre 2002 e 2008, quando estava com quarenta e poucos anos".

"Qual é a sensação da depressão?", perguntou Mesquita. "Eu descobri que, na pessoa que é depressiva, o cérebro libera alguma substância no organismo que faz com que a gente não sinta dor ao se agredir. Por isso que a pessoa acaba tentando o suicídio. Eu me auto-mutilava", confidencia a ex-miss.

Visivelmente impressionado, Otávio pergunta: "O que você fazia?". "Eu me rasgava com a tesourinha de unha", responde com objetividade Jacqueline. "Meu Deus! E você não sentia dor?", pergunta Mesquita bastante abalado. "Eu queria me livrar daquela dor maior", explica a entrevistada.

Crédito: Reprodução Jacqueline Meirelles, a Miss Brasil, é capa da "Playboy" de outubro de 1988
Jacqueline Meirelles, a Miss Brasil, é capa da "Playboy" de outubro de 1988

"A dor da depressão é um buraco que dá no peito, é um buraco negro, uma coisa tão forte, tão intensa que a gente quer se livrar daquilo de alguma maneira, então tem gente que não suporta essa dor e acaba tirando a própria vida", declara Meirelles, que tentou o suicídio por três vezes.

"Você é uma pessoa bonita, foi casada durante muito tempo, tem três filhos, tem saúde, é uma mulher inteligente – eu não consigo entender porque você tentou tirar a própria vida. Como é que foi, te incomoda falar sobre isso?", desabafou o apresentador acostumado com temas leves e divertidos em seu programa.

"Não, tá tudo no livro!", retruca a ex-miss. "A primeira vez eu tentei me atirar do carro em movimento na estrada. Meu ex-marido dirigia e o pior é que meus filhos estavam atrás", conta Jacqueline. "Você não pensou neles na hora?", quis saber Mesquita. "O desespero é maior, Otávio. Você não pensa em ninguém", replicou Jacqueline com sinceridade.

"A segunda vez eu tentei me jogar da janela e a terceira foi com uma faca", acrescenta Jacqueline, fazendo uma pequena pausa. Depois continua: "Aí a gente pula, porque meu filho chegou na hora". Desconcertado, o apresentador só consegue dizer baixinho: "Você tá brincando? Que história maluca! Você coloca tudo isso no livro?"

"Coloco", responde Jacqueline com firmeza. "E sabe por quê? Porque esse livro serve de alerta, tanto para as pessoas que estão passando por isso ou que estão iniciando o processo depressivo, quanto para os familiares, que muitas vezes não têm noção do que está acontecendo. A depressão é uma doença silenciosa", conclui Jacqueline.

Tentando recuperar o fôlego, Mesquita explica o motivo de querer colocar esse assunto em pauta: "Nosso programa não tem esse perfil de falar de coisas assim, meio fora do bom humor, porque não dá nem pra brincar com esse assunto. Mas a gente perdeu recentemente o Fausto, da dupla Hermes e Renato, o Robin Williams, um baita ator, e muitas pessoas nesse momento passam por depressão. Que isso possa ajudar de alguma forma".

E virando-se para a sua convidada, tentando retomar o seu tom galhofeiro: "Hoje você está bem?". "Hoje eu estou ótima!", respondeu a ex-Miss Brasil Jacqueline Meirelles com o seu largo sorriso.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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