Renato Kramer

Padre pop Reginaldo Manzotti critica templo evangélico por associação ao Antigo Testamento

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Quem ficou "De Frente Com Gabi" (SBT) neste domingo (17) foi o padre Reginaldo Manzotti, indicado ao Grammy Latino 2013 com o seu trabalho "Paz e Luz".

Aos 45 anos de idade, "com a graça de Deus", padre Reginaldo foi elogiado pela entrevistadora Marília Gabriela. "Tá ótimo, hein? Cuida da pele?", quis saber Gabi. "Lavo o rosto todo o dia com água benta", respondeu o padre com bom humor. "Você fala isso, amanhã vai ter água benta vendendo aí que nem louco!", retrucou a jornalista.

Natural de Paraíso do Norte (PR), aonde ainda vive a sua família, Pe. Reginaldo conta que a sua vocação vem desde muito cedo: "Eu cresci vendo a minha família engajada na igreja. O meu pré foi num colégio de irmãs vicentinas. Essa formação católica influenciou muito na minha decisão. E também porque eu tive uma referência muito positiva de um padre da minha cidade. Com 9 para 10 anos de idade eu olhei para ele e disse: eu quero ser isso!".

"Você escreveu para um seminário, não foi?", observou Gabi. "Sim, com 11 anos eu abri uma revista e encontrei o endereço de um seminário. E Deus, eu acredito, me motivou a escrever uma carta para o reitor. Não vou dizer, Gabi, que com 11, 12 anos eu tinha certeza do meu sacerdócio, mas eu entrei para fazer o discernimento e tudo só veio a se confirmar", contou Pe. Reginaldo.

"Eu tive um deslumbramento antes dos 8 anos de idade", confessou a apresentadora, "cismava que ia ser freira!". "Todos nós temos às vezes um deslumbramento", concordou o padre que já reuniu um milhão e seiscentas mil pessoas em evento evangelizador no Ceará.

"Na ficha que você preencheu com dados pessoais para o programa tinha um item sobre filhos. Se você tivesse, você diria?", perguntou Gabi num repente. "Diria", respondeu o padre de pronto. "Eu namorei um filho de padre anos atrás", confessou Gabi, "e ele tinha um irmão também. Filhos de padres carregam um estigma, e a igreja não se manifesta até hoje sobre isso. Já se fala sobre pedofilia e homossexualidade, mas não se fala de padres que tiveram filhos", comenta Gabi.

"O Papa Francisco veio na hora certa, com atitudes certas, para tentar fazer uma reformulação. O celibato é um dom, Gabi", afirma o Pe. Reginaldo. "Eu sou um celibatário. A castidade é uma condição que nos dá liberdade para servir, liberdade de sentir meu coração voltado para a missão", explica o padre que até deixaria a evangelização se preciso fosse, mas jamais deixaria a sua paróquia: "Eu preciso da minha comunidade. Eu preciso do meu solo sagrado", afirma.

"Sobre o grande templo evangélico, você foi convidado para a abertura?", perguntou curiosamente Marília Gabriela. "Não fui e não iria", respondeu o padre. "Por quê?", insistiu Gabi. "Porque existem umas incongruências, algumas incompatibilidades", argumentou Pe. Manzotti. "Nós cristãos não temos muito a ver com o Antigo Testamento. O que um cristão tem que buscar no Templo de Salomão, que foi destruído em 583 antes de Cristo? O que um cristão espera do templo do Antigo Testamento se o templo é Jesus Cristo? Eu acho que há ali uma inversão de valores", afirmou o padre que acabou de ganhar um prêmio por vender um milhão e duzentas mil cópias do seu mais recente CD, "Faça-Me Crer".

Consciente de que a igreja ainda não sabe dar resposta para algumas questões, como o casamento gay, o Pe. Reginaldo – cujo sonho é um dia cantar com o rei Roberto Carlos, é o fundador da instituição "Evangelizar é Preciso". "É preciso por quê?", questiona Gabi. "É urgente", responde o Pe. Manzotti que se confessa muito ansioso. "As pessoas estão perdidas, insatisfeitas, angustiadas...tomando ansiolíticos feito água, porque estão desintegradas. Evangelizar é fazer a pessoa encontrar com o lado bonito que ela tem dentro".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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