Renato Kramer

Alexandre Nero confessa ser muito tímido, ter medo de assombração e pavor de rato

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Alexandre Nero confessa ser muito tímido, ter medo de assombração e pavor de rato.

Quem o assiste diariamente como o todo-poderoso Comendador José Alfredo em "Império" (Globo), não faz ideia das pequenas fraquezas que o talentoso ator Alexandre Nero confessou no "Programa do Jô" em sua entrevista de 2 de outubro de 2009, reprisada quinta-feira (7).

"Você é um rapaz bonito", afirmou Jô Soares ao recebê-lo. "Mais bonito do que na televisão". "Eu acho que as pessoas só são bonitas na televisão", retrucou Nero. "Na hora que você encontra elas você fala assim: você é mais bonito na televisão. Normalmente não é assim?", questiona o ator.

Jô discorda, mas Alexandre lhe dá um exemplo próprio: "Já me falaram isso no elevador —você é mais bonito na televisão— é horrível isso, não?". "Já me falaram que eu era totalmente diferente na televisão", contou o apresentador. "Bem, 'totalmente diferente' pode ser bom ou ruim, qualquer coisa!", retrucou Nero. "Eu não ousei perguntar!", concluiu Jô.

Eleito o "Bofe do Ano" pelos colegas de elenco de "Fina Estampa" (2011), quando viveu o enérgico motorista Baltazar, Alexandre contou que começou a sua carreira de artista como músico, que mantém até os dias de hoje. "E, como todo o músico, comecei pra ganhar mulher, porque ninguém me olhava", queixou-se o protagonista do horário nobre da Globo.

E não deixou por menos, envolveu o sexteto do "Programa do Jô" na história: "Eles sabem disso. Todos eles! Eu só consegui me casar depois que virei músico!", confidenciou o ator. E Jô não deixou barato: "O primeiro interesse em ser músico era um interesse sexual?" "Sempre é!", replicou Nero de imediato. "Não o meu, todo o músico começa a ser músico por causa disso, gente!" E, olhando para o sexteto: "Assumam, pra não me deixar sozinho aqui!".

Virando-se para a plateia o ator alertou: "Não caiam nessa enganação de arte, romantismo...não, não. Depois você começa a entender melhor as coisas". Voltando para o apresentador, coloca-o numa saia justérrima: "Jô, você não começou a ser artista por causa disso?!". O apresentador surpreso: "Eu?". E Nero não perdoa: "Mentiroso!". "Claro que não, a vocação", argumentou Jô. "Você vai me deixar de cara de pau aqui mesmo", desistiu Nero.


"Você era muito tímido?", perguntou Jô, de supetão. "Eu sou até hoje. Sou muito tímido!", respondeu o poderoso Comendador, natural de Curitiba (PR). "De vez em quando pinta um sotaquezinho do sul, mas eu não conseguia identificar", confessa o apresentador. "É do sul. Mas eu morei muito tempo em São Paulo, em Minas, então eu sou uma miscelânea disso tudo", declarou Alexandre.

Entre os 14 e 17 anos de idade o ator estudou em um colégio interno para meninos, em Muzambinho (MG). "Se eu soubesse que colégio interno era tão divertido eu tinha aprontado muito antes pra minha mãe" – que o ameaçava com o colégio interno caso ele não se comportasse. "É muito divertido, um bando de homens...(a plateia reage com malícia). Tudo menino, as primeiras coisas foram lá...(cresce a malícia na plateia)".

Nero, dando-se conta, tenta esclarecer: "Quero dizer, têm coisas que eu não fiz...", mas já não adiantava mais. O próprio apresentador teve que observar: "Era um bando de homens e as primeiras coisas foram lá...". Nero ri e confessa: "Eu tô me enterrando, né?". Mas não parou por aí. Ao contar outro fato pitoresco de sua adolescência em Muzambinho, o ator conseguiu ainda piorar um pouco.

"Logo que eu cheguei lá, com 14 anos, eu tinha um tio muito sacana que, quando a gente chegava perto de uns animais, me cutucava e dizia: aí, o terneirinho...o porquinho! E eu não entendia!", contou Nero em tom sério. E Jô aproveitou o ensejo e lascou: "Quer dizer que as suas primeiras experiências sexuais foi na área zoológica?". Nero apressou-se em responder: "Não, eu nuca fiz! Mas era muito comum na região!". A plateia e o apresentador se divertem com o malabarismo que o ator faz para se desvencilhar do seu próprio enredo. E, percebendo a ironia da coisa toda, declara sempre de bom humor: "Eu tô contando as coisas e tô me enterrando!".

Ainda surge na conversa o medo —"medo não, tenho pavor de rato!", confessa Alexandre. E também de assombração, no que Jô compactuou com o entrevistado. "Você também tem medo de assombração?", perguntou Nero— que só conseguiu assistir o filme "Sexto Sentido" durante o dia e com a sua mulher avisando das cenas mais pesadas para ele fechar os olhos. Por isso mesmo estava feliz por ter um parceiro pelo menos nesse departamento: "Muito medo!", disse o apresentador. "Eu não acredito em assombração, mas que tem, tem!", afirmou Jô Soares.

Para encerrar a sua deliciosa entrevista, o carismático ator Alexandre Nero cantou, acompanhando-se ao violão, um poema de Domingos de Oliveira —romântico até a página dois, cujo refrão forte e objetivo dizia: "Vâmu fudê o dia inteiro!!!"; e, mais brilhantemente ainda, imitou o nosso 'amante latino' Sidney Magal —com direito ao vozeirão e aos trejeitos perfeitos de quando o cantor estourava nas paradas de sucesso com o hit "Meu Sangue Ferve Por Você" (1977). A plateia delirou.

"Você nunca fez isso em um show solo?", perguntou Jô que o aplaudiu muito. "Eu sou envergonhado, Jô!", respondeu o dono do "Império" do horário nobre da Globo. Alexandre, o Grande!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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