Renato Kramer

Descobri coisas sobre minha mãe que ela não está aqui para explicar, diz Maria Rita

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O "Programa Amaury Jr." (RedeTV!) desta quarta-feira (18) trouxe à baila mais uma vez o polêmico tema "biografia": autorizada ou não?

Desta feita quem deu a sua opinião abertamente foi a cantora Maria Rita, que começou com um depoimento bastante revelador sobre as biografias de sua mãe Elis Regina (1945 - 1982).

"Vai sair uma nova biografia da tua mãe, Elis Regina?", perguntou Amaury. "Vai, do Júlio Maria" (de "O Estado de São Paulo"), respondeu Maria Rita. "A biografia 'Furacão Elis' (Regina Echeverria - 1985) foi uma biografia autorizada?" quis saber Amaury. "Não", respondeu tão simplesmente Maria Rita.

"A família discorda de alguma coisa que ela tenha colocado no livro?", questionou o apresentador. "Amaury, eu vou falar por mim, não pela família", esclareceu a cantora. "O caso dessa biografia, eu nunca soube o que pensar a respeito até conversar com pessoas que deram depoimentos e que não estão muito satisfeitas com o que saiu", informou.

E foi mais longe: "Todos, absolutamente todos, me disseram que não é nada daquilo. Alguns disseram inclusive que o depoimento foi alterado, manipulado para contar uma história e não a real história", afirmou Maria Rita.


"Quanto à do Júlio Maria, eu conversei com ele há duas semanas, deve sair no final do ano. Eu li uma coisa ou outra e me parece mais isenta. Ele tem um distanciamento, porque ele não conheceu a minha mãe pessoalmente, não teve nenhum tipo de relação pessoal com ela", observou a cantora.

Em relação à toda essa questão das biografias, Maria Rita confessou ter uma opinião muito complexa: "Porque os artistas foram comparados com políticos durante o debate todo da biografia, o que eu acho uma comparação cruel". declarou a cantora. "Acho que o político deve explicações à sociedade, o artista não necessariamente. O artista tem direito a sua privacidade. Muito se falou em direito de liberdade de expressão, pouco se falou no direito à privacidade", observou Maria Rita.

"Minha mãe dizia: Pública eu não sou, não! Público é banheiro, biblioteca... a minha carreira é pública, não eu", conta a cantora. "A pessoa que tem uma carreira pública, quando da porta para fora, tem uma responsabilidade, precisa atender a algumas expectativas, isso é super-compreensível. Se eu não estou num dia bom, eu não saio de casa. Isso é legal? Não, não é. Mas faz parte da minha profissão e ponto final", expõe a cantora. "Mas o que acontece da porta para dentro, é outra coisa".

E confidenciou: "Eu acabei por descobrir coisas a respeito da minha mãe que ela não está aqui para se explicar, não está aqui para contar o lado dela... e eu não gostaria de ver isso acontecendo com os meus filhos", argumentou Maria Rita. "Têm coisas que nenhum pai, de nenhuma profissão, divide com o filho. Tem um limite. E o fato de eu ter uma carreira pública não implica que o que eu faço na minha vida privada seja de domínio público. Essa é a minha opinião", concluiu a filha da maior cantora que esse país já ouviu: Elis Regina.


Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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