Renato Kramer

Jeitinho gaúcho de Franciele, Cássio e Aline é alvo de incompreensão no 'BBB14'

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A produtora de eventos Franciele reage à rejeição geral do grupo com uma grossura que lhe é peculiar —a qual atribue a sua maneira de ser: "É o meu jeito", argumenta a moça da terra da Xuxa (Santa Rosa, no Rio Grande do Sul). E ela tem razão.

Um exemplo mais recente foi a patada que a gaúcha Franciele deu na bela Letícia, quando esta foi lhe oferecer ajuda na cozinha. Fran estrilou e soltou-lhe os cachorros. "Letícia tentou fazer a gaúcha perceber o quanto estava sendo hostil. Ela concordou e lhe pediu desculpas. Mas Franciele está certa: esta dita "grossura" é uma maneira de ser gaudéria, difícil de deixar de lado. É uma espécie de DNA gaúcho. Pode até ser controlado, mas jamais eliminado.

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O atual líder Cássio também está sendo cobrado por suas brincadeiras grosseiras. Lá vem a "grossura" novamente como característica da gauchada. "Mas bah, tchê! Quem foi que inventou essa balela —pra não dizer outra coisa, de que gaúcho é grosso?!"—, perguntaria indignado algum gaudério desavisado. Há um jeito grandiloquente e incisivo no falar, uma ironia forte nas tiradas e um deboche brando infiltrado na maioria das colocações dos conterrâneos.


Falo porque nasci e vivi em Porto Alegre até os meus 20 anos. Longe dos pampas por décadas, ainda agora muitos me consideram agressivo e impulsivo —só em função da minha natureza gaudéria. Fazer o quê? Os mais próximos acabam percebendo que se trata de uma maneira de ser. Muitos se afastam, indignados. Sinceramente, não tenho mais espírito de ir atrás de ninguém para esclarecer essa questão.

A atriz Aline, também gaúcha de Porto Alegre, faz um esforço sobre-humano para não soltar o verbo como lhe vem espontaneamente. Ela guarda as coisas com ela, mas reverte a situação e magoa à si mesma para evitar magoar os outros. Não segue a sua "natureza gaudéria", engole os desaforos mas acaba por reclamar sozinha para si mesma. Sente-se vítima, fragilizada, carente e sofre as consequências. Solta a franga, Aline! "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é", já disse Caetano Veloso.

Até porque, ao ultrapassar esse véu de aparente "grossura", vai descobrir pessoas cheias de bons e profundos valores —como amizade verdadeira, confiança e companheirismo. Ninguém é melhor do que ninguém. A riqueza do povo brasileiro é exatamente a sua diversidade. Basta fazer um pequeno esforço para desvendar alguns mistérios dos habitantes de cada região e saberemos aproveitar o que cada uma tem de melhor.

Enquanto isso, se ainda não foi, vá ao Rio Grande do Sul: vai perceber que o povo gaúcho é hospitaleiro, gentil e educado: mas bah, tri legal!!!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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