Renato Kramer

Exibida na TV paga, série "Whitechapel" tem bom enredo policial e conflito verossímil

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Não é de hoje que se reclama da programação costumeira da TV aberta. Muita gente que gostava de acompanhar uma ou outra novela, por exemplo, está deixando de gostar. Para outros tantos, a TV a cabo tem sido a salvação da lavoura.

O que há com as novelas atuais? "Muita ação e pouco diálogo", como teria sugerido uma estrela da teledramaturgia brasileira, Lucélia Santos – "A Escrava Isaura" (Globo - 1976) – Teríamos que apelar para o velho e cansado jargão de que "não se faz mais novelas como antigamente"?

Bem, pelo sim, pelo não – as reprises de "A Próxima Vítima" e de "Água Viva" parece que estão indo muito bem no canal Viva. Do jeito que a coisa anda, vamos ter que implorar para que a grande Janete Clair passe a psicografar algumas tramas suas bem no estilo "Selva de Pedra", que há 40 anos, no último capítulo (23 de janeiro de 1973) fez o Brasil inteiro parar para assistir o desfecho do romance de Cristiano (Francisco Cuoco) com Simone (a "namoradinha do Brasil" Regina Duarte), ao som de "Rock and Roll Lullaby", com B.J. Thomas.

Depois de uma sapeada novelas afora, o que se vê,na sua maioria, são textos ou didáticos ou empolados de um jeito que não cabem na boca dos atores. Situações forçadas num estilo de humor pastelão que só o "Chaves" daria conta. E quando escorrega para o melodrama, piora. Fica falso.

Crédito: Divulgação BBC America Série "Whitechapel" exibida na BBC HD
Série "Whitechapel" exibida na BBC HD

O jeito foi dar uma espiada nos canais pagos. Ao perceber o recém iniciado episódio de "Whitechapel" no BBC HD, parei. E prestei atenção. No seriado, os atores são gente de verdade. Velho é velho, com mãos, pele e dentes de velho. O conflito é verossímil, embora grandiloquente. Tudo bem que o protagonista, Rupert Penry-Jones, é bonitão, mas mesmo assim não tem aqueles dentes de porcelana branca branquíssima que se vê nos seriados americanos.

Enfim, talvez por ter lido muito Agatha Christie e tantas aventuras de Sherlock Holmes (Conan Doyle) quando adolescente, eu acho que o britânico sabe muito bem criar o clima de suspense e mistério que envolvem um bom enredo policial. No episódio desta segunda-feira (9), o detetive Joseph Chandler (Rupert Penry-Jones) andou às voltas com o imitador dos crimes dos irmãos Kray. Para ajudá-lo no caso, contou com o consultor Edward Buchan (Steve Pemberton) e o veterano da polícia Ray Miles (Phil Davis).

"Whitechapel", de Ben Court e Caroline Ip, teve só quatro temporadas com dezoito episódios. E, segundo declarações não oficiais, já não terá mais continuação. Resta curti-la no BBC HD. Antes que chegue o "BBB14"!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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