Renato Kramer

"O público só se diverte porque eu me divirto muito fazendo o Félix", diz Mateus Solano

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O "Fantástico" (Globo) deste domingo (24) foi atrás do ator Mateus Solano para comentar a cena da derrocada do seu personagem Félix, em "Amor à Vida".

"Eu joguei aquela menina numa caçamba! Eu joguei sim! E eu jogava de novo!", vociferou Félix como um animal acuado que não tem mais nada a temer. Pode-se dizer que foi o início da redenção e do calvário da criatura.

As coisas já não andavam boas para o lado do moço que se escondeu no armário mas deixou um pedaço do peignoir de seda rosa para fora da porta.

Foi uma espécie de kit "Félix na Pior": apanhou do "pai soberano" César (Antonio Fagundes), levou uns trancos da irmãzinha "meu doce" Paloma (Paolla Oliveira), foi posto para fora de casa pela "mami poderosa" Pilar (Suzana Vieira) e ainda teve que enfrentar um macarrão instantâneo. "Nem sabia que isso existia!", exclamou Félix levemente enojado com a iguaria.

Quanto à cena master, merecidamente alardeada e muito aplaudida desta semana? "É muito emocionante."Eu chorei muito assistindo", confidenciou Mateus Solano. "Porque aí eu não vi mais como Félix, eu vi como espectador", explica o ator.


"A única coisa que eu escolhi", comenta Solano sobre o clímax da cena, "foi virar o jogo na hora do 'chega!'", quando a Paloma o imprensa na parede. "Dali em diante eu resolvo contar todo aquele crime hediondo. "Naquela hora, ali, você pensou o quê?", perguntou Renata Vasconcellos.

"Ali, Mateus e Paolla Oliveira viramos bichos. O meu desespero era proporcional à raiva no olho dela". Os dois assistem a mais um trecho da cena e Solano se arrepia. "Eu fico arrepiado porque esse momento eu não previ. Quando eu ensaiei eu não peguei essa cadeira". Félix pega uma cadeira e senta-se em frente à Paloma para jogar-lhe na cara a sua sórdida história.

"Enquanto eu ia fazendo, eu ia pensando -- que é que esse monstro vai fazer agora? Mas a maioria das coisas que aconteceram nessa cena foi uma liberdade que o diretor me deu de espaço e de 'pirar' mesmo."

"Você se diverte com o Félix?", quis saber Vasconcellos. "O público só se diverte porque eu me divirto muito, muito fazendo o Félix", retrucou Solano. "Mas eu nunca posso botar o Félix no automático. Eu tenho sempre que estudar para ele não cair nem só na vilania e no drama, nem só na comédia escrachada", acrescenta Mateus consciente.

"Aonde você estava quando passou essa cena?", perguntou Renata. "Estava numa reunião com amigos. Aí, meu celular não parava de vibrar, com muita gente me dando parabéns, e eu falei: caramba, deve ter sido muito boa mesmo".

E foi muito boa mesmo, Solano. Parabéns.

"O que é que o público pode esperar para o Félix agora?", encerra a jornalista. "O Félix vai passar por poucas e boas", declara Mateus Solano, "a gente vai ver o Félix aí obrigado a mudar as suas visões de mundo e a crescer como ser humano". Certo.

E quanto ao Jonathan (Thalles Cabral), pergunto eu? Depois de passar por tudo o que essa criatura passou e aguentou calada, com todo esse seu histórico nefasto de vida, a única saída viável é o ator errar de cenário, entrar no de "Joia Rara", e conseguir uma vaga de monge budista no mosteiro de Shechen, em Katmandu. Sai dessa lama, jacaré!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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