Denise Del Vecchio brilha em "Pecado Mortal" e na peça "A Bala na Agulha"
A atriz Denise Del Vecchio, que pode ser vista diariamente vivendo a rígida Doutora das Dores em "Pecado Mortal" (Record), está também no teatro na pele da grande atriz Célia de Castro na peça "A Bala na Agulha", no Tucarena (SP).
Um velho ator de teatro, Chico Valente (Eduardo Semerjian), muito auto-centrado e orgulhoso do seu próprio talento, entra em conflito com um jovem galã de televisão, Cadu Fischer (Alexandre Slaviero), com o qual divide a cena no clássico "Esperando Godot", de Samuel Beckett.
Chico (Semerjian), na verdade, estava no ostracismo e foi convidado para voltar ao palco pela bem-sucedida atriz Célia de Castro (Del Vecchio) --uma antiga amante sua. Ele não sabe que o convite partiu dela, pensa que mesmo que tardiamente o seu talento foi reconhecido. Mas não se trata disso.
Para piorar, Célia coloca para contracenar com o arrogante e amargurado Chico a sua mais nova conquista: o jovem Cadu Fischer (Slaviero), que não entende porque "tanto esperam esse tal Godot que nunca vem", mas abraça a oportunidade de mostrar que não é só mais um rostinho bonito na TV.
Eduardo Semerjian se entrega de corpo e alma para dar vida ao velho ator genioso e genial. E a sua entrega tem um ótimo resultado. Alexandre Slaviero parece muito à vontade ao viver o rapaz bonito da TV, personagem que remete à sua experiência pessoal: Slaviero viveu durante muito tempo o Kiko de "Malhação" (Globo), antes de participar de outras novelas da emissora. E comprova no palco que não é apenas um ator bonito.
Denise Del Vecchio, brilhante em sua enérgica Das Dores em "Pecado Mortal", entra em cena com o seu carisma habitual e esbanja naturalidade como Célia de Castro. Demonstra o seu domínio de palco mesmo ao enfrentar um tombo imprevisto, acontecido no espetáculo desta sexta-feira (25), incorporando-o imediatamente à sua personagem.
Intensa quando joga na cara do implacável Chico toda a sua empáfia e o tanto que está se esforçando para ajudá-lo a sair do poço. Suave quando chama a atenção do quanto a inexperiência e a juventude de Cadu a encantam. Altiva ao sair de cena como a grande dama ofendida. Verdadeira ao retornar à cena para botar as cartas na mesa.
O elenco certo para a peça certa. E um texto intrigante, que joga com questões e valores universais, partindo das vitórias e fracassos de artistas que remetem aos conflitos de todo e qualquer ser humano. A cenografia de Cláudio Solferini é muito bem resolvida, e muito valorizada pela belíssima iluminação de Pedro Garrafa.
"A Bala Na Agulha", de Nanna de Castro, com a direção precisa do talentoso Otávio Martins (que também assina a trilha sonora do espetáculo), em cartaz no Tucarena (SP), é entretenimento de primeira linha. É a arte que imita a vida, que imita a arte --primando pelo bom gosto.
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