Renato Kramer

"Sangue Bom": Quando a fidelidade se torna um sacrifício, ainda há amor?

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No capítulo desta sexta-feira (7), o assunto de "Sangue Bom" (Globo) girou em torno da traição de Renata (Regiane Alves) com o primo pilantra do noivo às vésperas do casamento.

Ao argumentar com Érico (Armando Babaioff), o ex-noivo arrasado, Renata procura uma desculpa genérica: "você nunca teve desejo por outra?". "Tive", confessa Érico, "mas escolhi me preservar para você porque te amava".

Fidelidade ainda está na moda? Seria motivo suficiente, nos dias de hoje, alguém desmanchar um casamento por descobrir que a sua namorada de quinze anos transou com um primo "só para experimentar"?

"Foram só duas vezes", continua Renata afundando-se cada vez mais. "Foi bom, mas foi só físico...eu amo mesmo é você!". Você engoliria essa história?

E Renata foi cavando cada vez mais a própria cova. "Você era todo certinho...eu tava me sentindo morta com você". Érico parece não acreditar no que está ouvindo, em excelente atuação de Armando Babaioff.

E para encerrar com chave de ouro o seu repertório de explicações esfarrapadas, Renata complementa: "foi saindo com ele (Tito - Rômulo Neto) que eu descobri o quanto eu te amo!". Você chuparia essa manga?!? Érico não chupou.

"Você podia ter sido franca comigo...pelo menos a gente terminaria com maior dignidade", foi como conseguiu rebater o rapaz com o coração visivelmente estraçalhado.


Quando a fidelidade deixa de ser um pacto e começa a ser um fardo, é justo continuar a relação? Há traição quando a escapada é só "física", mas a pessoa continua amando a outra? E quem tem coragem de ser franco o suficiente para confessar que traiu?

Ah, as questões que permeiam as relações humanas são tantas quantas diferenças podem haver entre os seres. O que é absurdo para um, é o mais sensato a ser feito para o outro. Quem tem a receita ideal para viver feliz?

Érico de "Sangue Bom" perdeu o prumo ao descobrir a traição de sua namoradinha de infância e futura idolatrada esposa. Armando Babaioff conseguiu demonstrar toda a decepção de um rapaz puro e cheio de boas intenções que vê o mundo desabar na sua frente. Esse é "Sangue Bom".

Não que a moça não seja. Só que não será com ele que ela passará a viver um grande amor. Têm valores diferentes. E se tivesse sido o contrário, ele que resolvesse ter uma espécie de despedida de solteiro com uma prima sua, será que ela aceitaria com naturalidade?

"Cada cabeça uma sentença", diz um provérbio antigo -- mas que "respeito é bom e todo o mundo gosta", todos temos ciência.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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