Renato Kramer

Primeiro capítulo de "Amor à Vida" é conduzido pelo perverso Félix de Mateus Solano

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No final o "bonzinho" pode até vencer, mas quem marca presença desde o início em uma novela é sempre o "malvado".

Não é à toa que Odete Roitman, personagem de "Vale Tudo" brilhantemente realizado por Beatriz Segall, é cultuada até os dias de hoje. Isso porque muito antes da Carminha (Adriana Esteves) de "Avenida Brasil", ela sabia ser má como ninguém.

No capítulo de estreia de "Amor à Vida" (Globo) nesta segunda-feira (20), o destaque já ficou por conta das maldades de Félix (Mateus Solano). Num só golpe ele já jogou na cara da irmã Paloma (Paolla Oliveira) que ela era adotada, chamou a tia Priscila (Cristina Mutarelli) de vaca e ainda jogou o bebê recém-nascido da irmã numa lata de lixo. Isso tudo no primeiro capítulo!


Féliz é frio e calculista ao extremo, e só quer saber de ficar com todo o patrimônio do pai, o bem sucedido Dr. César (Antônio Fagundes) --nem que para isso precise dar uma ajudazinha para o destino acelerar a sua morte. Na opinião da sua mulher, o sogro tem uma saúde de ferro. Mas o "primo do capeta" argumenta: "quando a gente menos espera...". Interessante ver a atriz Bárbara Paz que vive Edith, a esposa de Félix, tentando apaziguar a ira do marido, ela que muitas vezes fez o papel da revoltada problemática.

Pilar (Susana Vieira) mima o rapaz e acoberta todas as suas falhas. Tem um gênio forte e vive batendo de frente com a sensível filha adotiva Paloma, xodó do Dr. César --o que revolta sobremaneira o enciumado Félix: "eu salguei a Santa Ceia, só pode ser!", esbraveja ele.

Quem precisou se levantar para ir tomar um copo d'água na cozinha pode ter perdido lances importantes da nova trama das nove. A própria Paloma, só no primeiro capítulo, passou no vestibular, desistiu da faculdade, fugiu com o "hippie" Ninho (Juliano Cazarré) que conhecera em Machu Picchu, engravidou, separou-se dele, teve uma filha no chão de um banheiro medonho de um boteco e, perdendo os sentidos, perdeu também o bebê que lhe foi arrancado dos braços pelo "irmãozinho querido", o perverso Félix!

E ele simplesmente joga a criança no lixo. "Parece uma ratinha!", comentara Félix ao ver a menina. Para complicar a vida do "malvado", ele parece se ressentir amargamente de uma homossexualidade não assumida.

Nesse ínterim, Luana (Gabriela Duarte) também descobre que está grávida do marido Bruno (Malvino Salvador), em seguida já aparece na mesa de parto na qual tanto mãe quanto filho morrem e, na volta desesperada para casa à pé, pois o carro não pegara, ouvindo um choro que vinha da lixeira, Bruno resgata a menina de Paloma e a pega para criar. Ufa! Não dava nem para piscar os olhos, se não quisesse perder o rumo da história!

Isso tudo deu um certo agito interessante para o início da nova novela das nove. A tendência agora, depois de apresentados os personagens e seus contextos, é suavizar o ritmo e desenvolver a trama com nuances e pinceladas mais ou menos fortes de emoção. Vamos torcer para que o público tenha bons momentos de entretenimento. O autor, Walcyr Carrasco, tem grande experiência em contar uma boa história.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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