Renato Kramer

"Salve Jorge": quando o romance perde lugar para a fixação

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Muito mais do que românticos, alguns personagens de "Salve Jorge" (Globo) são "fixados" em algo ou alguém.

A começar pelo casal de protagonistas. Morena (Nanda Costa) era tão apaixonada por Théo (Rodrigo Lombardi), mas preferiu deixar o casamento para depois e ir em busca de dinheiro na Turquia. Dançou.

E agora que eles se reencontram, ambos parecem não conseguir entrar num acordo. "A gente está aqui!", diz Théo. "A gente não está aqui", responde Morena. "Vai passar", tenta amenizar o capitão. "Não vai passar!", retruca a moça.

E vai ainda mais longe. Desconsidera a sempre tão poderosa magia do amor romântico de tantas novelas anteriores. "Eu te amo", lhe confidencia o capitão, comovido. "Eu também te amo, mas isso não faz mágica nenhuma", argumenta Morena.

Enquanto isso, Lívia Marini (Claudia Raia), fixada na destruição de Théo, comemora os seus avanços com Élcio (Murilo Rosa), também inimigo do capitão. "Me enfrentar nunca saiu barato para ninguém, não é para ele que vai sair!", esbraveja a "vilã da seringa fatal".


Aisha (Dani Moreno) faz o seu novo exame de DNA, fixada que vive em encontrar a sua verdadeira família, para desgosto da mãe adotiva Berna (Zezé Polessa). Ao sair do laboratório, de braços com o compreensivo pai Mustafá (Antonio Calloni), muito inadvertidamente Aisha vislumbra um colar que pertencera à Berna na vitrine de uma loja. Bota casualidade nisso! Mustafá entra para investigar como aquela joia fora parar ali.

Mas quem ganha o prêmio fixação em "Salve Jorge" é Bianca (Cléo Pires). Largou tudo, embora não fizesse muito, e se bandeou para a Capadócia atrás de Zyah (Domingos Montagner), agora casado e dividido entre os dois amores. Ela chegou a se especializar na dança dos véus e virar atração turística no país alheio, é mole? Tudo para tentar arrancar Zyah de sua atual esposa, a sofredora Ayla (Tânia Khalill).

Zyah vai até Bianca tentar convencê-la de que ama a esposa e não a deixaria por nada. Ela se chateia. Mas logo entra Alicia Keys gritando "she's just a girl and she's on fire" ("Girl On Fire"), eles se agarram e fica tudo como estava. Quando mais tarde Ayla pergunta se é Bianca que o preocupa, ele responde como todo o marido que trai em novela: "mais tarde a gente conversa".

É...foi-se o tempo em que o "galã" (Francisco Cuoco) ficava a novela inteira batalhando pelo seu único e verdadeiro amor e, ao ouvir "she was just sixteen and all alone, when I came to be..." ("Rock and Roll Lullaby" - B. J. Thomas) tomava finalmente a "mocinha" (Regina Duarte) em seus braços para sempre ("Selva de Pedra"). Nossa, agora eu fui longe! Nostalgia. Saudades das novelas românticas.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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