Renato Kramer

"Avenida Brasil": Quem tem medo de Mãe Lucinda?

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Agora a coisa ficou séria! Mãe Lucinda (Vera Holtz) não só soltou os cabelos, como se despojou até do seu fiel talismã --o brinco de esqueleto de peixe!

Aí foi um pega pra capar: pôs fogo na casa do velho Nilo (José de Abreu), com ele dentro e tudo. Acompanhou o enterro do Max (Marcello Novaes) praticamente sozinha, não fosse a chegada repentina e totalmente improvável de Ivana (Letícia Isnard) e sua mãe Muricy (Eliane Giardini).

Foi quando ficou sabendo que Nina (Débora Falabella) estaria confessando ter sido quem matara o seu filho Max. Correu para a delegacia, entrou derrubando tudo e todos para confessar em alto e bom som: "Fui eu que matei o meu próprio filho! Eu que matei o Max!" --com a expressão de quem tinha matado não só o Max como também o Salomão Hayala ("O Astro") e a Odete Roithman ("Vale Tudo")!

Não é que a trama das nove da Globo virou uma espécie de 'Avenida Brasil Urgente' - tal é o clima de bandidagem e morte desses últimos dias, acabando até mesmo numa delegacia?!

Mas verdade seja dita: Vera Holtz deu um banho de interpretação no capítulo de ontem. A dor de uma mãe que perdeu um segundo filho --que não valia nada, ela sabia, mas era seu filho. Entre destruída e anestesiada, Mãe Lucinda reage como uma leoa acuada. Grande atriz.

E, como se não bastasse o que já demonstrara até agora, Adriana Esteves --a Carminha, consegue ainda se superar. A cena em que vai solitária e desconstruída até o túmulo de Max para a sua despedida foi de uma emoção visceral. Depositando a única rosa vermelha que levara para o enterro, Carminha chorava com um gemido dilacerado. Parecia deixar ali a sua alma junto aquela flor. Bravo.

Agora, cá entre nós, que raios a Janaína (Cláudia Missura), que queria ver-se longe de confusão, foi fazer na mansão ao invés de sumir do pedaço com o seu 'filhinho adorável', mas muito cafajeste, Lúcio (Emiliano D'Ávila)?!? E ainda foi dar com a língua nos dentes, contando para todos que ele estava de caso com Carminha. Ora, para quem queria sossego, faça-me um favor!

Enfim, coisas do folhetim.

Bem, como disse Zezé (Cacau Protásio) outro dia, nessa reta final parece que ainda vai sair "tiro, porrada e bomba"!

Um bom refresco para relaxar um pouco da "Saga de Carminha", para quem está em São Paulo neste feriadão, é assistir o espetáculo "Boêmios de Adoniran", de Milton Machado --em cartaz no teatro Alfredo Mesquita.

Com muita leveza e musicalidade, o grupo de jovens atores que tem brilho nos olhos e venceu o Festival de Teatro da Cidade de São Paulo 2011 com o espetáculo, envolve a plateia cantando parte da obra do mais famoso boêmio paulistano: Adoniran Barbosa.

A música ao vivo da melhor qualidade, sob a direção do talentoso Thiago Henrique, traz pérolas como "Samba do Arnesto", "Saudosa Maloca" e "Trem das Onze", entre outras. O texto que faz a ligação entre as canções carrega um toque de ingenuidade, mas direciona habilmente todo o foco para a deliciosa obra do grande sambista.

Simplicidade, garra, carisma e uma excelente qualidade musical fazem de 'Boêmios de Adoniran' uma boa opção de entretenimento --em cartaz só até 21/10, a preços populares.

De resto, respire fundo e prepare-se para a última semana de "Avenida Brasil Urgente". Terá sido mesmo Mãe Lucinda quem matou Max? Ou seria mais uma estratégia da "mãe coragem daqui" para encobrir outra façanha da doce e meiga Carminha?! E o bode velho do Nilo, mereceria morrer queimado (credo!) no seu barraco do lixão? E Santiago? Que apito realmente ele toca?! Oi, oi, oi.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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