Renato Kramer

Sede de vingança de Nina em "Avenida Brasil" chega a ser chata

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A personagem Nina de 'Avenida Brasil'(Rede Globo) chega a ser chata com a sua sede de vingança e os seus métodos ardilosos, mas temos que tirar o chapéu para a atriz Débora Falabella.

No capítulo desta quinta-feira especialmente a atriz deu o sangue, quase que literalmente, ao contar para Jorginho (Cauã Reymond) que Carminha (Adriana Esteves) fora sua madrasta. Foi um desabafo dolorido, entre o ódio mortal que sente pela mulher que causou a morte do seu pai e o medo de perder a oportunidade de vingá-lo.

Débora, que é de estatura 'mignon', se agiganta na telinha, entregando-se de corpo e alma para viver a luta da menina que cresceu em situações limítrofes. Muito amor do pai, que lhe é tirado precocemente. A dor da perda e ainda o desprezo de uma madrasta perversa. Não podia resultar em alguém muito equilibrado.

E a atriz tem conseguido passar esse desequilíbrio interno com muita verdade. Demonstra com clareza o jogo de quem finge um grande controle, que está no domínio de um grande plano de vingança, mas que na primeira oportunidade desmorona com tanta pressão.

Foi o que aconteceu na cena em que finalmente se viu obrigada a contar para Jorginho sobre a sua ligação com Carminha. Angústia, desespero e o medo de, além de tudo, perder para sempre o amor de sua vida. Tudo isto custou-lhe lágrimas amargas.

Mas intensidade não chega a ser uma surpresa no trabalho da atriz. Na novela 'O Clone' (2001/2002), Débora viveu a adolescente Mel, envolvida com drogas, que já foi um grande marco em sua carreira. Coincidentemente, Mel era filha de Lucas, personagem de Murilo Benício --agora o Tufão de 'Avenida Brasil'. Com a Mel, Débora Falabella ganhou como melhor atriz revelação no 'Prêmio Austregésilo de Athayde' e nos 'Melhores do Ano' do Faustão.

Nina é a sua primeira protagonista no horário nobre. Ao mesmo tempo que uma grande oportunidade, é sempre uma imensa responsabilidade. Especialmente nesse caso em que a 'mocinha' tem ares de 'vilã'.

Já está ficando difícil saber quem é mais perigosa na trama, se a vilã oficial Carminha --vivida com extrema voracidade pela atriz Adriana Esteves, ou a aparentemente frágil Nina, que já foi Rita, sobre a qual Débora Falabella nos faz crer que paira uma nuvem negra sobre a cabeça, além de carregar o peso do mundo sobre os ombros.

Fazer o público antipatizar com as atitudes da 'mocinha' da trama não é exatamente inédito, mas está sendo muito bem elaborado e bem realizado em 'Avenida Brasil'. O que num primeiro momento causa estranhamento, não deixa de ser uma mostra de ousadia e coragem do autor.

A expressão de 'será que o meu mundo caiu' com a qual Nina voltou ontem para a casa dos patrões, sem saber se Jorginho tinha ou não exposto a sua história, foi impagável. Ao ouvir que Tufão queria que ela fosse imediatamente falar com ele assim que chegasse, a moça empalideceu no mesmo instante. Ao chegar no quarto, ver que Jorginho estava junto com o pai e este lhe diz que quer lhe fazer uma pergunta, seus olhos quase lhe saltam da órbita. Pobre meNina!

Mas o ponto alto foi mesmo o seu choro doído e desesperado ao contar para Jorginho quem era Carminha e o que ela fizera ao seu pai. E isso que ela só contou da missa a metade!

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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