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Se todo mundo está aplaudindo de pé, eu também sou obrigado a fazê-lo?

Amantes do teatro e de outras artes estão percebendo que prática parece ter se tornado a regra

Ilustração mostra um homem sentado enquanto todos os demais aplaudem de pé - Melanie Lambrick/The New York Times
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Michael Paulson
The New York Times

Um leitor questionou: "Agora se espera que sempre aplaudamos de pé? Parece que toda peça ou concerto ao que assisti ultimamente terminou assim".

Primeiro de tudo: ele não está imaginando coisas. Aplausos de pé se tornaram onipresentes nos últimos anos. Eles agora são tão frequentes que, muitas vezes, me parece que os membros da plateia que estão tentando se fazer notar são aqueles que escolhem permanecer sentados, em vez dos que se levantam.

QUÃO COMUM É ISSO?

Aplausos de pé são quase universais na Broadway, mas um pouco mais variáveis fora de lá —mais comuns em musicais do que em peças, mais comuns em shows animados do que naqueles que terminam em escuridão emocional, mais comuns para públicos mais jovens, que tendem a ser mais demonstrativos (e às vezes mais ágeis).

O padrão parece ser semelhante no mundo da música clássica. Zachary Woolfe, crítico de música clássica do New York Times, diz que aplausos de pé são agora o novo normal em apresentações de ópera e sinfônicas nos Estados Unidos, mas menos na Europa.

Em outras áreas das artes performáticas, os aplausos não são tão frequentes. Gia Kourlas, crítica de dança do jornal americano, diz que é mais raro ver uma multidão inteira se levantar após uma apresentação de dança —embora isso aconteça em shows particularmente emocionantes. Jason Zinoman, crítico de comédia, diz que não vê aplausos de pé em clubes de comédia, mas que comediantes de renome recebem aplausos quando se apresentam em teatros.

POR QUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO?

O ato de aplaudir para sinalizar aprovação é antigo. Não está claro quando os aplausos de pé começaram, mas eles pareceram se tornar mais populares em meados do século 20 como uma forma de reconhecer performances notáveis, e se tornaram uma maneira mais rotineira de reconhecer os artistas no final de um show.

Em 1950, quando Howard Taubman relatou para o New York Times a respeito de um concerto da NBC Symphony Orchestra conduzido por Arturo Toscanini em Pasadena, Califórnia, o aplauso de pé foi digno de manchete.

Mas, ao longo dos anos, o fenômeno deixou de ser excepcional; em 2003, o Times publicou "A Tirania do Aplauso de Pé", observando como até mesmo fracassos estavam recebendo aplausos e, em 2012, o crítico Ben Brantley escreveu um ensaio pedindo o retorno do "aplauso sentado", dizendo que "realmente chegamos ao ponto em que um aplauso de pé não significa nada".

"Com o passar dos anos, tornou-se cada vez mais disseminado", disse Robert Viagas, autor de "Right This Way: A History of the Audience", "ao ponto em que, nas raras ocasiões em que uma performance não recebe um aplauso de pé, você pode ver isso nos rostos dos atores, tipo: 'O que fizemos de errado?'."

Há também a pressão dos pares. "Parece que é apenas uma questão de ser educado", disse a atriz vencedora do Tony, Stephanie J. Block. Ela fez sua estreia no West End neste ano, estrelando uma nova produção de "Kiss Me, Kate", e notou que em Londres "a cultura é bem diferente —você tem que merecer".

Muitas pessoas citam a economia como um fator contribuinte —os espectadores gastam muito dinheiro para ver shows na Broadway e os aplausos são uma forma de sinalizar publicamente que tiveram uma ótima noite. "As pessoas sentem que estão justificando o preço do ingresso que pagaram", disse Viagas.

E há também uma preocupação prática: uma vez que as pessoas à sua frente começam a se levantar, você não consegue ver a chamada final a menos que se levante também.

É REALMENTE TÃO RUIM ASSIM?

Os tradicionalistas muitas vezes se preocupam com a popularização dos aplausos de pé, que acreditam ter diminuído o significado do gesto.

"Se eu não me levanto no final de um show da Broadway, as pessoas me olham como se eu fosse uma personalidade aberrante", disse Laurence Maslon, professor de artes na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova York. "Isso tirou toda a diversão de reconhecer algo que muda a vida."

Mas Viagas diz que os aplausos podem ser prazerosos para os espectadores. "As pessoas gostam de aplaudir", disse ele. "Este é o seu momento de retribuir. Não é um filme —os atores estão realmente lá— e essa é uma maneira de falar com os atores e os criadores para dizer: 'Você fez um bom trabalho, e eu aprecio isso, obrigado'."

ENTÃO, O QUE DEVO FAZER?

Você não precisa se levantar. Sempre há quem não o faça —algumas pessoas têm condições físicas que tornam mais desafiador ficar de pé e algumas aderem à ideia agora antiquada de que aplausos devem ser reservados para performances excepcionais— e tudo bem ser uma delas.

"Não é uma regra que se deve levantar no final de um show", disse Ben West, autor do Musical Theater Report, um jornal online.

Mesmo que você se sinta compelido a se juntar aos que se levantam, você tem opções. Existem, diz Viagas, maneiras de aplaudir que variam do meramente cortês (batendo dedos contra dedos) ao jubiloso (juntando as mãos para criar mais barulho, levantando as mãos para serem mais visíveis). E há o que ele chama de "aplauso caminhante", que é aplaudir enquanto tenta chegar à porta antes de todos, e o "aplauso de ódio", que é aplaudir bem devagar.

A escolha é sua.

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