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Descrição de chapéu surfe

Eclipse solar: fotógrafo que fez uma das melhores imagens do fenômeno no Brasil explica técnica

Marcelo Maragni fotografou o surfista Italo Ferreira após cinco anos de planejamento

Surfista Ítalo Ferreira durante eclipse solar no Rio Grande do Norte - Marcelo Maragni / Red Bull Content Pool
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São Paulo

Uma das fotografias mais impactantes do eclipse solar no Brasil foi a do surfista potiguar Italo Ferreira dentro do "anel de fogo" formado pelo fenômeno no céu. O fotógrafo responsável pela imagem, Marcelo Maragni, falou ao F5 sobre o planejamento, que começou cinco anos atrás, e a execução, que exigiu cálculos de inclinação e distância.

A ideia de fotografar o eclipse solar anular partiu de Maragni, que, há mais de cinco anos, ficou sabendo que o fenômeno aconteceria no Brasil. "Como fotógrafo, sempre procuro coisas inusitadas, diferentes, para criar fotos realmente impactantes", diz. "Quando olhei as informações sobre o eclipse, vi que seria muito próximo do pôr do sol e pensei que, por esse motivo, eu conseguiria ver ele baixo. Então, de cima de alguma montanha, daria para fazer uma foto inusitada."

Restava saber quem seria fotografado em frente ao eclipse. Foi quando, ao analisar o mapa do fênomeno, Marcelo viu que Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, seria o último local em que o eclipse poderia ser visto em terra. Em 2023, então, ele fez um convite a um famoso brasileiro nascido na cidade potiguar: o campeão olímpico de surfe Italo Ferreira.

"Eu pensei: poxa, tem tudo a ver, é ele que tem que sair nessa foto. O círculo dourado, o cara é medalhista de ouro olímpico", relata o fotógrafo. Ele diz ainda que, ao "viajar um pouco" na imaginação, a foto remete também a um dos anéis olímpicos, o amarelo.

Como foi a execução

O primeiro passo, explica Maragni, foi encontrar um mapa interativo do eclipse, com imagens de satélite, para entender onde ele começaria, por onde passaria e onde iria terminar. Foi a partir desse mapa que ele identificou Baía Formosa como o local em que o eclipse poderia ser visto em ampla magnitude, por inteiro, com o círculo completo.

Depois, foi preciso encontrar um morro ou montanha para "posicionar" o eclipse em cima dele para a foto. Considerando as informações da data e da cidade, ele identificou a direção em que o eclipse estaria, chamada azimute —um cálculo de direção que usa como referência o norte geográfico.

"Sabendo em qual direção aconteceria o eclipse, eu entrei no Google Earth e ali eu comecei a procurar montanhas. E fui marcando [...]. Ia traçando os lugares em que eu achava que talvez desse para fazer a foto", diz Maragni.

A segunda informação necessária para fotografar um eclipse é a inclinação. O ápice do eclipse, explica o fotógrafo, seria às 16h46 e, naquele momento, ele estaria a sete graus em relação ao horizonte. "Então, eu precisava estar em uma posição em que, naquela hora, apontando minha câmera sete graus para cima, eu conseguisse apontar para o topo da montanha", complementa Maragni.

O resto foi trabalho de campo. Quatro meses antes do fenômeno, o fotógrafo foi ao Rio Grande do Norte para visitar os locais que havia traçado por meio de imagens de satélite. Subiu 20 montanhas até conseguir achar três locais em que seria possível fazer a fotografia perfeita.

Como escolher o local ideal

A escolha final foi feita pensando na melhor distância para conseguir a foto. "Para uma foto espetacular, eu precisava deixar o sol muito grande", explica. Então, era preciso usar uma lente com, digamos, um zoom absurdo.

"Foi uma lente de 600 milímetros, com duplicador. Então, ela virou uma lente de 1.200 milímetros, ou seja, com uma potência de 1,2 metro de lente", conta ele. Com uma lente assim, Ferreira não podia estar muito perto do fotógrafo.

Havia três possibilidades: Maragni e Ferreira ficarem a 650 metros um do outro, a um quilômetro ou um pouco a mais de um quilômetro. Ele optou pela menor distância, que tinha um relevo melhor para conseguir a foto.

O relevo escolhido era composto por duas encostas. O surfista ficou em uma delas e o fotógrafo, na outra. Depois da primeira foto, Maragni conta que correu de uma encosta para a outra e seguiu fotografando, o que gerou uma sequência de quatro fotos diferentes.

Foram mais de cem fotos tiradas em poucos segundos. "Eu consegui fazer várias fotos diferentes. Mas a mais especial é realmente quando formou o anel. Que é uma coisa super rara, e o mais bonito, o mais interessante."

Quem é Marcelo Maragni

Homem branco, de barba e cabelo curtos e escuros, aparece vestindo um macacão azul. Ele segura equipamentos de fotografia nas mãos.
Fotógrafo Marcelo Maragni, responsável pela foto do eclipse solar com o surfista Ítalo Ferreira - Marcelo Maragni/Reprodução

Fotógrafo de esporte, Maragni trabalha principalmente com modalidades não tradicionais, como surfe, skate e escalada. Já fotografou 14 edições do rali Dakar. "São esportes sempre ligados com natureza, em lugares muitas vezes remotos. E faz muito parte da minha característica como fotógrafo conseguir buscar maneiras de estar em situações realmente diferentes, inusitadas", conta.

Para um fotógrafo de aventura, apenas metade do trabalho é a fotografia. "A outra metade é saber ler um mapa, saber navegar no deserto, saber dirigir um carro na areia, saber um monte de coisas que envolvem a profissão."

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