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'Barbies humanas': Conheça histórias de quem não vê limites para se parecer com a personagem

Para essas mulheres, tudo vale a pena se a vontade de ser como a boneca não é pequena

Bruna Barbie, Bárbara Jankavski e Jéssica Alves são conhecidas como barbies humanas - Instagram
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São Paulo

Tão desafiador quanto conseguir um ingresso para a primeira semana de estreia do filme "Barbie", que entra em cartaz nesta quinta-feira (20), será selecionar o look rosa perfeito para personificar a icônica boneca. No entanto, isso não desanima a influenciadora digital paulistana Bárbara Jankavski, 27.

Ao longo dos anos, ela vem se metamorfoseando em sua própria musa e se tornou uma das "Barbie humanas" que pipocam nas redes. A influenciadora conta ao F5 que já investiu pelo menos R$ 300 mil (parou de contar há algum tempo) em 26 cirurgias plásticas e procedimentos para se assemelhar à mulher que rege seu senso estético e é sua maior inspiração de vida.

Lipo no pescoço, na barriga e na batata da perna, cirurgia para arquear as sobrancelhas, dentes novos, preenchimento de glúteos e cinco mudanças no narizinho afilado e arrebitado são alguns deles. O cabelo tem o mesmo tom, os seios são igualmente grandes como os da Barbie mais raiz, de década atrás.

Ser magra e peituda como a boneca nos tempos pré-politicamente corretos também é uma regra entre as Barbie humanas. Barbara, por exemplo, tem 1,63 m, pesa 42 quilos e tem 90 centímetros de busto. A cintura é fina, fina, fina (60 centímetros).

Para ela, tudo vale a pena, já que a vontade de ficar parecida com a boneca —a quem admira não só fisicamente, mas "como pessoa", digamos assim— não é pequena. "Ela é uma mulher poderosa e inspiradora", diz, humanizando a personagem.

O desafio agora é escolher o figurino pink entre suas 300 peças de roupa e mais de 200 pares de sapato para o grande dia. A ansiedade também está a milhão. A influenciadora não vê a hora de ir ao cinema ver sua musa personificada na atriz Margot Robbie.

Ela, no entanto, ainda não conseguiu comprar o ingresso ("Estou tentando para o primeiro dia"), e espera não se decepcionar com uma trama fútil. "Estou curiosa pelo enredo e espero que vá além da roupa rosa e traga uma história interessante e construtiva", diz.

As "Barbie humanas" têm o amor pela boneca em comum, mas nem todas chegam ao ponto de recorrer a intervenções cirúrgicas para transformações físicas que as deixem parecidas com a musa inspiradora. A influenciadora Bruna Carolina Peres, conhecida como Bruna Barbie nas redes sociais, diz jamais ter recorrido a procedimentos estéticos para se assemelhar à sua maior ídolo.

Mas o rosa, cor-símbolo, é o tom que domina seu guarda-roupa. Ela não se imagina vestindo nada de outra tonalidade. Natural de Curitiba (PR), Bruna desenvolveu seu amor pela Barbie desde a infância, mas foi na adolescência que decidiu seguir carreira no mundo fashion.

"Eu sou toda cor-de-rosa no meu dia a dia e levo isso como profissão", diz ela, que tem em casa mais de 2.000 itens da boneca, incluindo roupas, acessórios, enfeites e brinquedos. Bruna é tão apaixonada pela boneca que prefere não revelar sua verdadeira idade, aumentando-a consideravelmente, quase numa piada em reverência à musa. "Gosto de dizer que tenho a mesma que a dela, 64 anos", afirma.

Muito antes de tanto frenesi em relação ao filme e ao mundo pink de Barbie e Ken (interpretado por Ryan Gosling no longa), o Brasil mostrou ao mundo seu "Ken humano": Rodrigo Alves ganhou popularidade na internet há alguns anos ao compartilhar diversos conteúdos sobre sua "transformação" no boneco Ken.

Após mais de 60 cirurgias e 150 intervenções estéticas, Rodrigo desistiu de ser Ken e passou por uma transição de gênero. Adotou Jéssica Alves como nome artístico e virou mais uma sósia de Barbie. Procurado pelo F5 para falar de sua experiência, a influenciadora, que mora na Inglaterra, não quis dar entrevista e pediu para não ser mais incomodada pelo repórter.

OUTRO KEN HUMANO BUSCA RECURSOS PARA IR AO CINEMA

Outro Ken humano brasileiro, Felipe Máximo, 19, era ajudante de pedreiro em Coronel Fabriciano (MG) e recentemente viu-se desempregado. Sem dinheiro em caixa, precisou dar uma pausa na compra de maquiagens, perucas e roupas que costumava usar em busca de "kenização" de sua aparência.

A falta de grana também afetou a busca por uma sessão do longa. Ele está sem condições de comprar o ingresso. "Não fosse por essa questão, eu estaria logo na estreia. O primeiro dinheiro que entrar eu vou investir nesse filme", diz. A paixão pelo boneco, ele conta, veio assim que seus pais se separaram. Felipe quis encontrar uma figura masculina que pudesse ser inspiração e referência. Escolheu o Ken. "É um cara que se veste bem e tem bons hábitos, era o estilo ideal que eu buscava."

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA CUIDADOS ESTÉTICOS E MENTAIS

É saudável essa busca pela aparência de outra pessoa —no caso, de personagens da ficção? Para Ronaldo Coelho, mestre em psicologia pela USP, é preciso analisar caso a caso. "A pessoa que almeja ser ou se parecer com outra pode encontrar felicidade ou enfrentar alguns transtornos. Nessa equação terá peso fundamental a relação entre as expectativas que a pessoa tem e o resultado, se é de frustração dessas expectativas ou de triunfo", diz.

Para Coelho, as redes sociais têm papel significativo na busca de algumas pessoas pela aparência desejada. "A imagem tem ganhado lugar de destaque e muitas vezes o parecer importa mais do que o ser", afirma.

"É possível imaginar alguém que diante dos likes e holofotes recebidos encontre um caminho para cuidar de um sofrimento. Contudo, é igualmente verdade a probabilidade dessa expectativa ser frustrada e a pessoa adoecer ou apresentar um nível de sofrimento significativo", diz o psicólogo.

Larissa Sumodjo, médica e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, afirma que há um limite no universo dos procedimentos estéticos. Ele vai além do aspecto físico e envolve também o bem-estar psicológico.

"Querer se assemelhar a outra pessoa fere esse princípio da preservação da identidade por requerer intervenções excessivas, perigosas e com potencial de trazer sequelas a curto, médio ou longo prazos. Cabe ao cirurgião ouvir o desejo ou queixa, fazer uma avaliação e determinar o que pode ser feito com segurança", afirma.

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