Televisão

Atriz mirim de 'O Cravo e a Rosa', Thais Müller atua e tem marca de roupa

Pequena Fátima na trama é filha de Marcella Muniz e Anderson Müller

Atriz Thais Müller como Fátima em 'O Cravo e a Rosa' (à dir.) e ao lado como está hoje, 22 anos depois - Montagem
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São Paulo

Quase 22 anos após a estreia de "O Cravo e a Rosa" (2000), Thais Müller, 29, ainda é reconhecida pelo público por sua personagem na trama. E olha que ela tinha apenas sete anos quando fez a impetuosa Fátima, irmã mais nova de Catarina, a anti-heroína interpretada por Adriana Esteves na história de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira.

O interesse do público aumenta quando a novela é reprisada, a exemplo do momento atual em que é exibida em uma nova faixa de teledramaturgia nas tardes da Globo. "Recebo muitas mensagens de pessoas que tinham idade próxima a minha na época [7 anos] e contam que tiveram apelido de 'ferinha' por causa da Fátima", relata ela.

"E eu não mudei muito, o meu rosto é bem parecidinho", completa. Há também os fãs que a conhecem de outros trabalhos da vida adulta na TV —o último deles foi a novela "Gênesis", da Record, no ano passado—e se surpreendem ao descobrirem que Thais foi uma atriz mirim. "É tudo tão amoroso e tão legal, que eu recebo de forma muito feliz", diz.

Filha dos atores Marcella Muniz e Anderson Müller e neta do autor Lauro César Muniz, Thais cresceu nas coxias e conta que o desejo de seguir na carreira artística surgiu quando ela tinha 3 anos. "Os meus pais faziam um musical chamado 'A Dama e o Vagabundo'. Um dia, eu cheguei para ele e falei: 'pai, estou pronta para entrar em cena."

Eles criaram, então, um papel pequeno para ela. A partir daí, Thais fez outras peças e musicais. A oportunidade na TV surgiu por acaso, segundo afirma. Após muitos pedidos dela e o apoio de amigos da família, os pais a levaram para fazer um cadastro na Globo. Coincidentemente era o mesmo dia em que estavam fazendo testes para a escolha do elenco de "O Cravo e a Rosa".

"Se eu não me engano, a Fátima seria morena, teria 12 anos e um começo de romance com o Buscapé [Luiz Antônio do Nascimento]. O que chegou para mim é que o Avancini [o diretor Walter Avancini] viu o meu teste e mudou o perfil e toda a história da Fátima", revela a atriz.

Assim como a sua personagem, Thais conta que era questionadora, gostava de ouvir as conversas dos adultos e ficar "por dentro de tudo". Foram por essas características que avalia ter chamado a atenção do diretor. "Às vezes eu era impetuosa como ela e mais bravinha também. E eu acho que tenho um pouco de dar a minha opinião, de falar mesmo. E, na história, é a Fátima quem desmascara o Batista", relembra —é a menina quem descobre que o pai, vivido por Luís Melo e que finge ser um pobre caixeiro-viajante, é um homem rico e pai também de Catarina e Bianca (Leandra Leal).

Mas Thais afirma que não via o trabalho como brincadeira não. Ela levava as gravações muito a sério, assim como os estudos. Para poder atuar, o combinado com seus pais era que ela não poderia descuidar da escola. E mesmo sendo uma criança, ela diz que não tinha medo de pedir para que as gravações fossem alteradas.

"Quando saia um roteiro que eu gravava de manhã, eu pegava o telefone para ligar para a produção e falava: olha, o motorista [que a levava para as gravações] só pode me pegar depois do meio-dia. Não posso estar aí às 8h, porque eu tenho escola", recorda-se aos risos.

A dedicação deu certo, com sucesso na TV e fora dela. No período em que fez Fátima e também anos depois, quando fez "Kubanacan" (2003), foram os que ela se saiu melhor no colégio. "Eu não podia ir mal na escola, se não acabava tudo. E eu estava tão feliz fazendo aquilo, que eu tinha que fazer tudo para durar", afirma.

"Eu não vejo por esse lado, de ter perdido a infância. Eu tive muita infância, só escolhi ter algo a mais. Aproveitei muito a escola, muito, muito", acrescenta.

Ela destaca dois momentos preferidos na trama. Um deles é já no fim de "O Cravo e a Rosa", quando acontece o casamento de Bianca e o professor Edmundo (Ângelo Antônio), que reuniu todo o elenco. O segundo é uma cena divertida, na fazenda, quando ela teve que pegar um porco no chiqueiro.

"No mesmo dia, eu vi que o porco mordeu o dedo de um cara, e eu já fiquei assustada: 'ai meu Deus, esse porco vai me morder'. Eu sei que eu corri atrás dele no chiqueiro, corri, corri e não consegui. É muito difícil pegar um porco. Tiveram de mudar a cena, mas acabou ficando muita engraçada no ar", afirma.

ESTILISTA E FIGURINISTA

Thais Mûller segue na carreira de atriz. De 2005 a 2007, ela fez "Zorra Total", também na Globo. Na Record, integrou o elenco de "Os Dez Mandamentos" (2015-2016), "Lia" (2018), "Topíssima" (2019) e "Gênesis (2021). Nesta última, dividiu o papel com a mãe, Marcella Muniz. Ela fez a personagem Maresca jovem, e a mãe assumiu em uma fase posterior.

"Eu pareço muito com o meu pai fisicamente, mas quando estou atuando, me acho parecida com a minha mãe, faço algumas coisas com o braço. A gente acabou ficando bem parecida na novela. Foi uma experiência incrível", diz.

Para 2022, a atriz afirma que fará um novo projeto na TV, mas ainda não pode revelar qual. Também estará no teatro, ainda no primeiro semestre, em São Paulo, em uma peça, em que, além de atuar, é produtora: o clássico "O Zoológico de Vidro", de Tennessee Williams. "Um drama familiar em que todos se reconhecem. Ele se passa em 1940, mas você fala: 'gente, nada mudou'."

Além da carreira como atriz, Thais também é estilista e dona da marca Ladotê Ateliê, de camisaria unissex. "Sou formada em design de moda e apaixonada. São minhas duas paixões: atuação e moda"​. Na marca, ela trabalha só com uma costureira e cuida de tudo: da compra dos tecidos até a interação com os clientes no Instagram.

O objetivo este ano é expandir o negócio e abrir uma loja física, que já existiu, mas fechou na pandemia. Ela também tem atuado como figurinista em produções audiovisuais. "Como sou atriz, é um contato diferente com todos da produção. Estou gostando muito de fazer", conclui. ​

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