Televisão

Paulo Vilhena afirma ser chocante fazer o pai de jovem de 18 anos em 'O Sétimo Guardião'

'Você é o pai e não mais o filho e vê que o tempo passou', diz o ator

Paulo Vilhena como João Inácio na trama de de Aguinaldo Silva
Paulo Vilhena como João Inácio na trama de de Aguinaldo Silva - João Cotta/Globo
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Márcia Soman
São Paulo

Prestes a completar 40 anos, o ator Paulo Vilhena vive pela primeira vez o pai de um jovem de 18 anos na TV com o João Inácio de "O Sétimo Guardião", nova novela das 21h da Globo. Na trama de Aguinaldo Silva, o viúvo cria sozinho o filho Guilherme, interpretado por Caio Manhente, e vive uma relação conturbada de culpa com a ex-sogra Mirtes (Elizabeth Savalla) que coloca o neto contra o pai.

"É uma família que não é mais uma família. A ex-sogra o culpa pela morte da filha e, por ser uma cidade pequena, todos acabam culpando-o também."

Conhecido por interpretar ele próprio adolescentes e jovens em séries e novelas, Vilhena diz que a maturidade assusta um pouco. "Dá uma chocada na verdade. Você se vê num momento de transição em um personagem com uma estrutura familiar onde você é o pai e não mais o filho. Você vê que o tempo passou. Mas é a lei natural da vida e traz uma possibilidade nova."

Com uma vida burocrática e solitária, João Inácio usa o bordel da cidade como válvula de escape. Ali, divide cenas de tango com Stefânia (Carol Duarte). “Na métrica, não é dança difícil. Difícil mesmo é você se apoderar da força do tango. E o mais interessante é ver como o personagem entra naquele corpo."

Vilhena começou na televisão aos 20 anos, como Gustavo, o galã da turma no seriado Sandy & Júnior, na Globo (1999-2002). Passou por diversas novelas na emissora, como "Coração de Estudante" (2002) e "Celebridade" (2003-2004), sempre com personagens jovens e rebeldes.

“Minha vida artística começou aos 20 anos e se confundiu muito com os personagens nesse período. Na TV, meus personagens tinham o universo da rebeldia, da malandragem carioca e isso, às vezes, refletia na minha imagem pessoal na mídia. Mas as coisas foram se equalizando com a própria idade e fui fazendo personagens mais velhos”, afirma.

Ele diz ainda que, nos 20 anos de sua trajetória profissional, passou pela transição do papel de adolescente para o jovem e, depois, um adulto mais maduro. “Isso se misturou com meu próprio crescimento na vida e o resultado final é positivo.”

Um de seus papéis de maior destaque foi em outra novela de Aguinaldo Silva, "Império" (2014-2015), em que interpretou o pintor esquizofrênico Salvador. Desta vez, como João Inácio, encara o papel de um alcoólatra. "Como fiz para interpretar Salvador, estudei muito o que de fato é a doença em si. O alcoolismo cria um buraco existencial."

Vilhena, que já participou do quadro Dança dos Famosos do Domingão do Faustão (Globo), disse ter encarado bem as cenas de dança. "Na métrica, não é dança difícil. Difícil mesmo é você se apoderar da força do tango, entender o 'mise en scèn'e. E o mais interessante é ver como o personagem entra naquele corpo, naquela relação."

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