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Música

Quem é Fernando Alterio, dono da T4F, produtora que trouxe Taylor Swift ao Brasil

Namorado da atriz Monica Martelli, ele comanda a empresa que vem sendo criticada pelos shows no Rio e também por se esquivar de responsabilidade sobre a morte de fã da cantora

Homem branco com óculos escuros em mar
Fernando Alterio, o dono da T4F: trazer Taylor Swift para o Brasil era um sonho antigo - Reprodução/Instagram
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Aracaju

Desde a última sexta-feira (17), a T4F (Time For Fun), produtora que trouxe a cantora Taylor Swift para o Brasil, está no olho do furacão. A empresa é cobrada pelo público massivamente nas redes sociais por não dar apoio à família de Ana Clara Benevides, fã que morreu na primeira apresentação da americana no Brasil.

O nome de Fernando Alterio, presidente do conselho e acionista controlador da companhia, tem sido pouco citado, apesar de ele ser a figura mais importante nesta história. Empresário conhecido no mundo das artes, Alterio tem 70 anos e está no meio desde o início dos anos 1980.

Nas redes sociais, ele costuma aparecer junto à sua namorada, a atriz Monica Martelli, com quem mantém um relacionamento desde 2019. Recentemente, o casal fez uma viagem romântica para Veneza, na Itália com uma passadinha antes em Paris. Ambos os trechos estão fartamente ilustrados no perfil de Monica, onde ela mostra também fotos dos dois em Jerusalém e na Grécia, em julho.

Alterio é mais discreto. Sua conta no Instagram é privada e tem apenas 374 seguidores, aceitos por ele. Alguns deles são os apresentadores Marcos Mion, Otaviano Costa e Astrid Fontenelle.

Alterio criou a T4F em 1983, juntamente com Sérgio Assumpção e Arthur Prioli. A ideia inicial do trio era montar uma casa de shows gigante em Moema, bairro nobre de São Paulo. Depois, voltou a atenção da empresa para a venda de ingressos e produção de shows. Ele entrou para o mundo do showbiz e para a fama ao transformar um rinque de patinação em palco de muitos dos grandes shows no Brasil

A princípio foi nomeada como CIE Brasil, e ganhou o nome de T4F em 2007, quando após crises financeiras, se recapitalizou e assinou contratos para a realização de turnês de artistas pop no Brasil.

Madonna, Coldplay, Britney Spears, e os festivais Lollapalooza e Primavera Sound, faziam parte dessa primeira leva de contratos, que rendeu pelo menos R$ 100 milhões em acordos para a empresa. Com a boa fama adquirida, a T4F passou a trazer diversos shows ao país.

Com isso, Alterio viveu o seu auge durante a década de 2010. Ele tentou retomar o projeto de ter uma casa de shows em 2019, quando virou dono da antiga Unimed Hall. Mas já em 2020, desistiu novamente. Estima-se que ele empregue diretamente cerca de 400 funcionários na sua produtora.

Os problemas começaram neste ano de 2023. A empresa foi denunciada pelo Ministério Público Federal por suposto trabalho análogo à escravidão na edição deste ano festival Lollapalooza, ocorrido em abril, em São Paulo. O MPT quer que a T4F entre para a "lista suja" de condenados por impor trabalhadores a estas condições.

Na denúncia contra a T4F, trabalhadores foram identificados em condições análogas à escravidão na montagem do Loolapalooza. Eles eram responsáveis pelo transporte e manutenção das bebidas do evento, ficavam dia e noite no local, e dormiam em uma tenda em tiras de papelão. Os funcionários ganhavam diárias de R$ 160 por 12 horas de trabalho, sem direito a recebimento de hora extra.

À época, a T4F foi notificada pelo MPT, assim como a YS Comercio de Alimentos, que havia contratado para o serviço relacionado às bebidas. Como resposta, afirmou que rescindiu o contrato com a empresa, que era terceirizada. No fim de março, sem mencionar o ocorrido, o Loolapalooza encerrou o contrato para fazer o festival com a T4F, em vigor desde 2013.

No mesmo mês das denúncias, Alterio deixou o cargo de CEO da empresa, e virou acionista controlador e presidente do conselho de administração da T4F. Em seu lugar, assumiu Serafim Magalhães de Abreu Junior.

Taylor Swift foi sonho bancado do próprio bolso

O grande sonho de Alterio era trazer Taylor Swift, a atual queridinha do pop, para o Brasil. Em 2019, o executivo afirmou que iria trazer a cantora para o Brasil, a qualquer preço. Alterio pagou o cachê milionário do próprio bolso, sem ter patrocinadores, acreditando no retorno pela alta demanda. A estimativa é que a vinda de Taylor tenha movimentado R$ 400 milhões no Brasil.

Por isso, o Ministério Público do Rio investiga os motivos da organização ter sido considerada falha no estádio Nilton Santos. Quem pagou ingresso reclamou da falta de ventilação. Outros saíram com queimaduras de segundo grau por conta de placas de metal colocadas no chão.

Na T4F, a ordem é o silêncio. Quem procura a empresa, ou até mesmo o próprio Alterio para informações sobre o que aconteceu na última sexta-feira (17), não tem seus questionamentos respondidos.

Até Monica Martelli tem sido cobrada. Em comentários nas suas fotos mais recentes, fãs de Taylor Swift pedem para a humorista falar com o seu companheiro sobre a falta de apoio da empresa com a família de Ana Benevides.

Monica também não responde as mensagens. Curiosamente, neste fim de semana, a atriz está no Fasano, mesmo hotel em que Taylor Swift está hospedada.

Pela falta de informações e pelo silêncio, Alterio e a T4F passaram a sentir no bolso o tamanho do problema. Nesta segunda (20), as ações da empresa, que estão em capital aberto na bolsa de valores de São Paulo, caíram 9,6%.

No Reclame Aqui, principal site de atendimentos ao consumidor, a empresa passou a ter nota 5 de 10. Virou uma empresa não indicada para negociar.

Para quem queria viver um sonho, o empresário pode ter ainda mais pesadelos. O Procon-RJ processou a empresa e pede R$ 13 milhões de multa pelos problemas com os shows de Taylor Swift no Brasil.

Procurados pelo F5, Alterio e T4F não responderam aos contatos até a última atualização desta reportagem. Caso se pronunciem, ela será atualizada.

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