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Música

Pitty cita projetos e diz que mercado musical atual é 'oposto da vanguarda'

Cantora lançou EP e documentário com trabalhos criados na pandemia

Pitty posando pendurada em pano na capa do EP 'Casulo'

Pitty posando pendurada em pano na capa do EP 'Casulo' Otavio de Sousa/Divulgação

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São Paulo

Assim como toda a classe artística, Pitty, 44, já está há quase dois anos longe dos shows devido à pandemia. A cantora e compositora, no entanto, tem se mantido esse tempo todo "na ativa", criando e experimentando coisas novas. O resultado pode ser visto agora no EP "Casulo", do seu próprio selo musical, batizado com o mesmo nome, e em um documentário que mostra os bastidores da gravação.

O nome do EP e do selo foi inspirado no quadro "Casulo Musical", que Pitty manteve em seu canal na plataforma Twitch , em 2021. No programa, ela recebeu artistas convidados, ao vivo, e criou coletivamente com eles músicas inéditas, que foram reunidas no EP. "O processo de criação foi tão diferente, liberto, fora do comum, para mim e para a geral que participou", afirma a artista em entrevista ao F5, por email .

Desses encontros, nasceram as quatro faixas do EP, lançado no último dia 7: "Diamante", parceria com a rapper Drik Barbosa e com Weks, marido de Pitty; "Busca Implacável" com Badsista e Jup do Bairro; "Diário", feita com Monkey Jhayam, Mau, Bruno Buarque e o músico Cris Scabello; e a "Simplesmente Fluir", que Pitty compôs com Pupillo, produtor musical e ex-integrante da banda Nação Zumbi.

Ela conta que os artistas que participaram do EP são pessoas diferentes, cujos trabalhos ela admira muito e com quem ela tinha vontade de fazer algo junto antes desse projeto começar. "Esse convite veio por isso e também pela conspiração do universo de que eles já estavam a fim de fazer algo comigo também", diz rindo.

Pitty fala que foi uma mediadora do encontro com esses artistas, captando os diferentes estilos de cada um. Segundo ela, foi uma experiência inédita e desafiadora criar uma canção do nada, em live streaming. "Foi surpreendente ver o quanto foi fácil, fluído, a criatividade rolando lindamente. Com cada pessoa e a cada session eu aprendia uma coisa nova. Muito, muito aprendizado nesse processo."

Mas Pitty revela que não fazia sentido apenas "botar o EP no mundo", ela queria mostrar para as pessoas todo o processo de como as músicas nasceram. No documentário "Casulo Musical", que estreou dia 19 em seu canal no YouTube, ela consegue "levar" os fãs para dentro do estúdio de gravação. Ao todo, serão 4 episódios, disponibilizados semanalmente —o segundo saiu nesta quarta-feira (26).

"Quis fazer um documentário para ilustrar e registrar esse processo criativo tão diferente. Eu adoro documentários de música e produção musical, então queria trazer as pessoas para o estúdio com a gente, para elas verem como foi que aquela música surgiu, passo a passo. Para quem ama música é muito interessante ver essa parte artesanal, de como se cria cada som e cada detalhe."

No documentário, ela afirma que fez questão de aparecer operando uma mesa de som para mostrar os detalhes, mas também para mostrar que uma mulher pode ocupar esse espaço de produzir e criar o som. "É uma referência que eu não tive, que eu nunca vi, e sempre pensei em mais mulheres ocupando esse espaço na criação e produção musical."

Sobre a criação do seu selo, Casulo, Pitty diz que não é uma resposta ao atual mercado fonográfico calcado em números e likes, que ela já criticou em entrevistas. "Não necessariamente", afirma ela. "Porque as coisas são o que são. Os tempos mudam e, em todas as épocas, têm as coisas que são mais orgânicas e o que é mais enlatado. Sempre teve."

No entanto, Pitty defende que se basear apenas em números é complicado e restringe o objetivo a um determinado comportamento para seguir a manada, como fazer uma música com determinado tempo de duração ou gênero porque agora está na moda. "Mas e aí? É tipo um surfista que nunca pega a onda dele porque está sempre de olho a dos outros, mas quando ele tenta pegar a onda do outro, ela já passou. Isso é o oposto de vanguarda, de descoberta."

Por isso, Pitty acredita que a arte sempre vai ter seu lugar para o que é sincero, resiste ao tempo e toca o coração das pessoas com letras profundas que marcam histórias e vidas. "Eu tenho vontade de descobrir novos artistas, novos sons, sempre fui ligada nisso. Nunca parei de pesquisar e me atualizar, inclusive nos meus discos. ‘Matriz’, o último [2019], é para mim um marco nesse sentido: nunca fui tão longe e tão na essência ao mesmo tempo."

Ela diz que novos lançamentos pelo selo Casulo ainda não estão programados devido à pandemia e as incertezas que fazem com que todos sejam flexíveis nessa fase. "Os planos se reorganizam o tempo todo. Tenho algumas coisas em mente, principalmente projetos audiovisuais, mas por ora, o EP 'Casulo' está no mundo."

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