Fãs de Roberto Carlos se reúnem em grupos na internet para surpreender rei em show em SP
Cantor vai oferecer em torno de 12 dúzias de rosas a cada apresentação
Cantor vai oferecer em torno de 12 dúzias de rosas a cada apresentação
No próximo dia 4 de setembro, Roberto Carlos, 78, inicia uma série de oito shows no Espaço das Américas, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Um grupo de mulheres, de diversas cidades do país (e algumas sem ingresso), promete estar na frente da casa de espetáculos para fazer barulho e declarar "todo o amor que sente pelo rei".
"Muitas falam que não têm dinheiro para ir ao show, mas essa é uma forma de mostrar o quanto somos fãs deles", conta a professora Rosemeire Aparecida Barbosa Salvadori, 57, idealizadora da iniciativa. Moradora de Piracicaba (a 160 km de São Paulo), ela vai ficar em São Paulo do dia 4 ao dia 8 de setembro para ver o seu ídolo maior.
Rosemeire só tem ingresso para a apresentação de sábado, dia 7. Para ela, porém, isso pouco importa. "Vou ficar lá na frente e vou fazer uma live [transmissão ao vivo pela internet] para homenageá-lo", diz.
A professora é organizadora de três grupos no Facebook, que reúnem em torno de 10 mil participantes. Um dos mais curiosos é chamado de "Eu e o Rei - Rosemeire Barbosa - Adesivos de Unhas do rei Roberto Carlos", que existe desde 2013. Foi naquele ano que ela começou a fazer adesivos para as unhas com o rosto do cantor e distribuir para fãs de todo o Brasil.
Ela conta que envia, por semana, entre 40 e 50 cartas com o artigo, que é distribuído por ela gratuitamente –os selos são pagos pelos beneficiários. "O combinado é colocar os adesivos nas unhas no sábado, que é o dia normalmente em que as mulheres se arrumam, vão ao salão. E se tem a fotinho de Roberto Carlos fica ainda mais interessante."
Foi assim que Rosemeire Salvadori conheceu a maioria dos fãs do músico, como o casal Ilze dos Santos Zamboni, 62, e José Jacinto Zamboni, 66, de Itaquera (zona leste de São Paulo). "Quando Roberto Carlos entra no palco é uma emoção incrível. Assistir o show dele é reviver a nossa própria história", afirma Ilze, que vai hospedar Rosemeire em sua casa durante o período em que ela ficar na capital paulista.
Ilze lembra que foi o marido que a fez gostar do músico, quando eles ainda eram namorados. "Eu era fã da Jovem Guarda, mas gostava mais de Wanderley Cardoso. Foi o meu marido que chamou a atenção para o Roberto Carlos e acabei ficando fã. A gente vai a todos os shows", conta ela.
Uma música que marcou o casal é "A Distância". "Tocava essa música quando a gente namorava e passeava em um parque aqui em Itaquera", relembra ela. Para o show do dia 7, Ilze preparou um presente para o seu ídolo: uma Nossa Senhora Aparecida feita em crochê. "Sei que ele [Roberto Carlos] tem muita fé e admiro muito isso."
Salvadori também quer dar algo especial para o rei: um pingente de ouro no formato de um calhambeque. O artigo em homenagem à música "O Calhambeque" foi comprado por outra grande fã de Roberto Carlos, a aposentada Marlene Bueno Queiroz, 69: "Mandei fazer esse pingente para mim quando eu tinha 18 anos".
Além da peça, a aposentada doou todo o seu acervo de revistas, objetos e livros sobre Roberto Carlos para Salvadori, que ela conheceu pelo Facebook. Como seus parentes não são tão fãs do músico, Queiro conta que escolheu a professora de Piracicaba por saber que os itens estarão bem guardados e cuidados com ela. Juntas, elas querem dar o pingente para Roberto Carlos.
"O meu sonho é entrar no camarim e conhecê-lo", afirma Rosemeire. Apesar de ser fã desde criança, a moradora de Piracicaba conta que só começou a ir em shows do artista em 2017. "Tive depressão e síndrome do pânico, achava que não conseguiria. Mas foi maravilhoso. Quando ele cantou 'Nossa Senhora', fiquei emocionada. A partir disso, a minha depressão melhorou", afirma.
Na casa dela, Salvadori criou o "Estúdio Azul", um quarto onde ela guarda todos os artigos que têm do rei. No espaço, ela tem até um totem de Roberto Carlos, em tamanho natural.
Para as fãs de Roberto Carlos, um dos momentos mais esperados do show é quando ele distribui as rosas brancas e vermelhas para o público. Receber a flor é motivo de emoção e alegria, mas também de disputa feroz entre as tietes. Que o diga a dona de casa Sonia Alves Diogo, 57, que já passou alguns apuros para conseguir o presente.
"É um empurra-empurra, um quebra-quebra. Ano passado, puxaram o meu cabelo e até quebraram a correntinha que eu estava usando", relata Diogo. O esforço, no entanto, vale muito a pena, segundo ela.
Mesmo sendo "baixinha" –ela tem 1,53 m de altura– e nem sempre ficando nas cadeiras da frente, porque o preço do ingresso costuma ser mais caro, Diogo conta que já conseguiu ganhar duas rosas: uma vermelha, e outra branca. Uma delas, inclusive, foi emoldurada em quadro. A outra está guardada.
"Ele me deu a rosa e ainda segurou para não puxarem", relata, orgulhosa Sonia Diogo, que vai ao show do dia 7 com a prima Luciana Carla Allves Oliveira, 42, e outras amigas. Dessa vez, ela mandou fazer um banner para chamar a atenção do músico durante a apresentação. Na faixa, está escrito: "Meu rei, realize o sonho dessa mulher pequena, tire uma foto comigo".
Luciana Oliveira, que é fã desde a infância do cantor, também revela que já recebeu uma rosa dele. "Já perdi as contas de quantos shows vi do rei e hoje, aos 42 anos, me sinto homenageada, pois tenho uma música para mim: 'Mulher de 40'", comenta, aos risos.
A tradição de distribuir rosas para os espectadores dos seus shows começou há 41 anos, em 1978. A primeira flor oferecida por Roberto Carlos, porém, foi um cravo, que ele usava na lapela. "Um dia, ele viu uma pessoa conhecida e resolveu fazer uma gentileza, deu um beijo no cravo e jogou", lembrou Neide de Paula, sua maquiadora, em entrevista passada à Folha.
A resposta do público foi positiva, e Neide começou a deixar vários cravos. O problema é que esse tipo de flor era difícil de ser encontrada. Foi assim que as rosas surgiram. O número de flores distribuídas por noite varia conforme o tamanho do público. Segundo a assessoria do cantor, para os shows de São Paulo, deverão ser oferecidas pelo cantor em torno de 12 dúzias de rosas por apresentação.
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