Marcos Valle, João Donato, Roberto Menescal e Carlos Lyra mantém a bossa nova
Ouça inéditas em reedição de álbum comemorativo do gênero
A bossa nova está viva e sempre se reinventando, segundo o músico Marcos Valle. Ele e os companheiros João Donato, Roberto Menescal e Carlos Lyra lançaram uma reedição do disco “Os Bossa Nova”, de 2008. Com faixas novas, o quarteto aproveita o álbum para celebrar os 60 anos do gênero, e uma nova desculpa para fazer mais shows, quando a agenda assim permite.
“Quando lançamos a primeira edição, estávamos todos trabalhando muito em seus projetos individuais. Quando a bossa nova fez 60 anos, a gente viu todos os motivos para fazer um relançamento, até para colocar mais músicas e também trazer para o disco para o palco”, afirma Marcos Valle.
O disco traz de volta alguns clássicos do quarteto, como “Vagamente” (Roberto Menescal/Ronaldo Bôscoli), “Até quem Sabe” (João Donato/Lysias Enio), “Samba do Carioca” (Carlos Lyra/Vinícius de Moraes), “Balansamba” (Roberto Menescal / Ronaldo Bôscoli) e “Gente” (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle), e agora com as faixas bônus “Último Aviso” (João Donato e Marcos Valle), e “Sambeando” (Roberto Menescal e Carlos Lyra).
Se a bossa nasceu de encontros de Tom Jobim (1927-1994) com Vinicius de Moraes (1913-1980) e João Gilberto, ela continua sobrevivendo desses encontros. “Sou da segunda geração da bossa nova, e o pessoal desse gênero se encontra muito. Logicamente, cada um tem seus shows solo, mas, às vezes, a gente faz shows em duplas também. Um convida o outro, conforme o seu projeto. Desde que entrei na bossa, temos encontros periódicos e que estimulam a gente a fazer algo novo com o seu parceiro. Isso é enriquecedor”. diz o músico.
Se o disco do quarteto ecoa a raiz da bossa, com canções suaves, Marcos Valle lembra que cada um deles abraçou um estilo diferente. Com a carreira internacional consolidade, Valle foi abraço pela nova geração. “Cada um de nós tem um estilo diferente, mas a bossa nova é muito democrática e se dá muito bem com outros ritmos, como o samba e com os DJs, por exemplo. Minhas músicas são gravadas por rappers lá fora, como o Kanye West, porque eles enxergam a qualidade da bossa para unir ao trabalho deles. Quando eu toco na Europa, há mais jovens na plateia, e todo mundo fica em pé”, lembra Valle.
Em 2012, West usou partes da canção “Bodas de Sangue” na música “News God Flow”, do disco “Cruel Summer”. Antes disso, JayZ usou trechos de “Ele e Ela”na faixa instrumental “Thank You”.
O GÊNERO E A ORIGEM DO NOME DO GRUPO
Conta Marcos Valle que a palavra bossa era utilizada antigamente como sinônimo de novidade, de frescor. “O termo no sinônimo nasceu em uma apresentação que reunia diversos cantores e músicos, como o Carlos Lyra, a Sylvia Telles e o Menescal. O cara do Clube Hebraica, aqui no Rio, não sabia como anunciá-los e disse que o grupo Os Bossa Nova iria se apresentar. A partir daí, ficou adotado o nome do gênero”, conta Valle.
Mas o nome deste quarteto, no plural, Os Bossa Nova foi tirado do livro, conta Valle. Em “Eis Aqui os Bossa Nova”, lançado em 2008, pelo crítico e musicólogo Zuza Homem de Mello. “Ligamos para ele para pedir autorização para usar o nome nesse disco, e assim, o adotamos”, conta Valle.
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