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Estilo
Descrição de chapéu The New York Times

Very Peri: Conheça a cor do ano de 2022 e quais são as suas origens

Inspirada em parte no metaverso, foi desenvolvida totalmente do zero

O espaço de arte interativa Artechouse em Nova York fez parceria com a Pantone em dezembro para apresentar Very Peri, a cor Pantone do ano para 2022

O espaço de arte interativa Artechouse em Nova York fez parceria com a Pantone em dezembro para apresentar Very Peri, a cor Pantone do ano para 2022 Artechouse via The New York Times

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Stephen Treffinger
The New York Times

Os acontecimentos dos dois últimos anos levaram a maioria de nós a passar muito mais tempo online. E por isso faz sentido que a escolha do Pantone Color Institute como cor do ano de 2022 –um púrpura intenso chamado Very Peri– tenha sido inspirada em parte pelo metaverso.

"Não estamos fazendo uma projeção. É algo que realmente está acontecendo", disse Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone, que comercializa um sistema de categorização de cores que permite, por exemplo, que um designer na Itália e seu cliente na Argentina falem exatamente sobre o mesmo tom de amarelo.

A cada dezembro, a empresa destaca uma cor que, segundo ela, será o matiz dominante do ano que vai começar, com base nos desdobramentos registrados na moda, arquitetura de interiores e novas tecnologias. E a mais recente tecnologia, disse Pressman por telefone, tem grandes implicações para o futuro das cores, que vão além de simples tendências.

Um forno e fogão Officine Gullo em Very Peri
Um forno e fogão Officine Gullo em Very Peri - Officine Gullo via The New York Times

Os videogames, por exemplo, estão exercendo efeitos notáveis sobre a cor, ela disse, já que as pessoas agora ingressam frequentemente em espaços virtuais, "criando avatares e buscando se vestir de uma determinada maneira, ou criando coleções, possivelmente com base em uma palheta que não necessariamente seria possível reproduzir no mundo real". (Existe um limite para os pigmentos que podem ser produzidos seguramente sem o uso de toxinas e reproduzidos de maneira consistente no mundo físico, ela afirmou. Isso não acontece online, onde as possibilidades são infinitas.)

Apropriadamente, a Very Peri é a primeira cor do ano do Pantone que não foi selecionada em um catálogo existente de milhares de matizes, mas em lugar disso foi desenvolvida do zero.

A nova cor promove a ideia de "observar o mundo com olhos diferentes" e inspirar "soluções inesperadas, naquilo que definimos como mentes audaciosas", disse Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute, em uma entrevista por telefone.

Para demonstrar o potencial das cores digitais, o Pantone colaborou com Polygon1993, um artista multidisciplinar parisiense, para distribuir nove NFTs, obras de arte digitais, inspiradas pela Very Peri. A Microsoft adotou o matiz para telas de laptops, telefones e tablets, e como papel de parede para o software Microsoft Teams.

"Será que existe uma palheta apenas para o digital?", questionou Pressman. "Não sei; estamos estudando possibilidades". Embora algumas empresas já estejam usando a Very Peri em móveis e eletrodomésticos, o tom violeta está exercendo efeito polarizador sobre designers de interiores e outros observadores de estilo.

Ghislaine Viñas, designer de interiores em Nova York conhecida por seu uso ousado de cores, classifica os elementos de vermelho que existem no matiz como fortes, e os de azul como positivos. "É uma cor neutra em termos de gênero, exatamente o que precisamos no momento atual", ela afirmou em um email.

Em Paris, a designer India Mahdavi, também conhecida pelo uso aventuroso de cores, descreveu a Very Peri em um email como sendo "a cor celestial definitiva, a cor do céu entre o crepúsculo e o amanhecer". Ela sugeriu usá-la para pintar tetos, ou para um sofá de veludo –"um sofá em que você poderia afundar, da mesma maneira que afunda no sono".

Mas Brock Forsblom, um designer de interiores radicado em Nova York, alertou por telefone que um uso excessivo da cor criaria um clima de "universo alternativo tipo ‘My Little Pony’, ou ‘princesa Jasmine em uma noitada quente’". E Georgia Wilkinson, coordenadora do estúdio da Creed Design Associates, um escritório de design em Leicester, Inglaterra, criticou a qualidade "exagerada e caricatural" da cor. O veredicto dela, via email, foi o de que "eu com certeza não viveria com essa cor pintada em minha parede –e nem sonharia em sujeitar um cliente a ela".

Li Edelkoort, analista de tendências radicada em Paris, afirmou por email que "a Very Peri parece ser uma cor muito perigosa durante um período em que precisamos de palhetas quentes para os interiores dos lares, com tons como terracota, marrom e bege". Edelkoort, nascida na Holanda, é uma ativista e especialista em educação sobre design que fundou a consultoria Trend Union em 1986, e expressou rejeição ao que descreve como "o Pantone empurrar esse tom de azul púrpura goela abaixo das pessoas, sem levar em conta a maneira pela qual elas estão vivendo e evoluindo. Os seres humanos querem ser abraçados por seus ambientes, em momentos conturbados, e isso não dá espaço para um tom de azul inventado e nada cool".

Em resposta aos comentários de Edelkoort, Eiseman disse que a intenção do Pantone não era compelir a apreciação de qualquer determinado matiz, mas sim "destacar o relacionamento entre tendências de cor e aquilo que vemos acontecer em todas as áreas do design mundial".

Nenhuma cor pode ser considerada como universalmente atraente, ela disse, e aconselhou as pessoas que sentem alguma desconfiança com relação à Very Peri que considerem usá-la como ponto de exclamação na pintura de uma única parede, ou para cor de uma só peça de mobília. Mas Eiseman mesma tem um quarto pintado inteiramente de Very Peri, incluindo o teto.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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