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'Nunca tivemos um lugar de respeito', diz Valentina Sampaio sobre ser trans no Brasil

Modelo fez história ao ser a primeira mulher transgênero a estampar a capa da Vogue

A modelo Valentina Sampaio
A modelo Valentina Sampaio - Lucas Seixas/Folhapress
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São Paulo

Valentina Sampaio, 23, fez história ao ser a primeira mulher transgênero a estampar a capa da conceituada revista de moda americana Vogue, em 2017. Agora, a modelo volta à publicação para falar sobre a situação da população trans no Brasil.

Em entrevista publicada nesta sexta-feira (26), Sampaio aproveitou o Mês do Orgulho LGBT para falar sobre sua luta por uma sociedade mais igualitária. "Eu tento ser uma liderança ao, por exemplo, seguir as coisas que falo, transmitir amor ao mundo, plantar uma sementinha de compreensão e aceitação no coração das pessoas", disse.

"Eu acredito que pessoas melhores constroem um mundo melhor para todos nós, e eu apoio qualquer um que, como eu, sofre preconceito por não se encaixar nos padrões da sociedade."

Sobre o Brasil, ela lamentou o tratamento dado à população trans. "Nós nunca tivemos um lugar de respeito na sociedade. Assim como nos Estados Unidos e ao redor do globo, transexuais são marginalizados no Brasil. Nós somos vistos como imorais e rotulados como algo pervertido, amplamento insultados, publicamente agredidos e, em alguns casos, assassinados."

Sampaio também destacou que 129 transexuais foram mortos no Brasil no ano passado —o país é hoje o mais violento para essa população. "Nossa proteção vem de Deus. Mesmo com leis novas, as pessoas não as respeitam de fato e as autoridades também não as reforçam", disse.

A modelo também afirmou que encontrou mais aceitação fora do Brasil do que em sua própria terra natal. Para ela, é muito mais comum cruzar com transexuais em diversas áreas de trabalho nos Estados Unidos do que por aqui, onde o mercado ainda resiste a contratar essa população, diz.

É por isso que Sampaio deseja usar o status que alcançou para ampliar as vozes dessa comunidade para além do Mês do Orgulho LGBT.

"O primeiro passo é julgar menos. O próximo é dar oportunidades de emprego e apoio. Nós queremos respeito e quanto mais gente estiver envolvida, mais fortes nós seremos. Unidade é força."

Ela também falou sobre os recentes protestos do Black Lives Matter nos Estados Unidos, desencadeados pelo assassinato de George Floyd no mês passado. Sampaio destacou o sofrimento da população trans negra e relembrou os assassinatos de Riah Milton, Dominique Fells e Tony McDade.

"Nós exigimos respeito —o direto básico de existirmos como somos", finalizou.​

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