Plataforma Lionsgate+ fecha as portas e escancara a crise no mercado brasileiro de streaming
Vêm mais mudanças por aí, com grandes plataformas se fundindo entre si
Você conhece pelo menos um assinante da plataforma de streaming Lionsgate+? Eu sei de um único: eu mesmo, que aderi ao serviço em 2020, quando ele ainda se chamava Starzplay. Eu queria acompanhar a série "The Great", uma sátira selvagem aos primeiros anos de reinado da imperatriz russa Catarina, a Grande. O preço da assinatura mensal, menor que o de um ingresso de cinema, me pareceu bastante razoável.
Só que não havia muito mais que me interessasse no catálogo da Lionsgate+. Muito filme velho sem ser clássico, muita série de gângster, poucas comédias. Alguns bons dramas históricos, é verdade, como "Elizabeth", sobre a ascensão da filha de Henrique 8ª ao trono da Inglaterra, ou versões serializadas de livros que já renderam longas, como "Howard’s End", "O Nome da Rosa" e "Ligações Perigosas".
A plataforma também começou a investir em conteúdos latinos, como a minissérie espanhola "Nacho", sobre o maior ator pornô do país, mas não chegou a produzir nada no Brasil. Já fazia alguns meses que não lançava nenhuma novidade, o que me fez suspeitar de que o fim estaria próximo.
Agora este fim está com data marcada: a Lionsgate+ estará disponível a seus clientes até o dia 31 de dezembro de 2023. Para quem assinou através da plataforma Amazon Prime Video, essa janela se estende até 9 de fevereiro de 2024.
A vida nunca foi fácil para a Lionsgate+. Ligada ao canal pago americano Starz, pouco conhecido no Brasil, a plataforma chegou discretamente por aqui em 2014, sem uma marca de peso como Amazon, Apple ou Disney acoplada ao próprio nome.
E mesmo assim o nome Stazplay rendeu uma batalha na Justiça com a Disney, que impedida legalmente de usar o nome Fox, pretendia rebatizar seu streaming latino-americano de conteúdo adulto como Star+, uma marca que a empresa já possuí na Ásia.
Disney e Starplay fecharam um acordo de alguns milhões de dólares, e o serviço mudou oficialmente para Lionsgate+. A alteração do nome não veio acompanhada por nenhuma novidade da programação, e passou por brancas nuvens para o consumidor.
Agora a Lionsgate+ está fazendo as malas para se mudar para o céu das plataformas de streaming. Lá vivem hoje os fantasmas do Crackle, serviço da Sony Television que teve vida efêmera, e do Quibi, plataforma exclusiva para celulares, que teve o azar de surgir bem no começo da pandemia, quando as pessoas se enfurnaram em casa.
Vão-se as plataformas, ficam os conteúdos. Os do Lionsgate+ em breve ressurgirão na concorrência. Os fãs não precisam ficar desconsolados.
Mas o que o fim do Lionsgate+ na América Latina sinaliza (ele continua na Europa e nos EUA) é o que o mercado de streaming, depois de um momento de euforia, passa por um período de retração no mundo inteiro. Os custos elevadíssimos, a concorrência acirrada com gigantes com a Netflix e a HBO e a perda de poder aquisitivo por toda a regiões justificam tamanha turbulência.
Para os próximos anos, é de se esperar uma fusão entre a Disney+ e a Star + (que nos EUA se chama Hulu) ou entre a HBO Max e o discovery+ (nos EUA, a HBO Max agora se chama apenas Max, como que a preparar o terreno para a iminente união).
Teremos menos players, disputando um público menor e mais empobrecido do que o previsto antes. Nem todos sobreviverão a esta nova realidade, como já vem acontecendo,
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O serviço de streaming Lionsgate+ vai ser encerrado em 31/12 de 2023, continuando disponível para quem assinou via Prime Video até 9/2 de 2024. O texto foi corrigido.
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