Reality Deu Positivo combate o preconceito que ainda afetas pessoas com HIV
Segunda temporada do programa estreia na MTV nesta quarta-feira
Até meados dos anos 1990, um portador do vírus da imunodeficiência humana só tinha uma perspectiva pela frente: uma morte iminente e dolorosa. Era apenas questão de tempo que ele desenvolvesse AIDS, uma doença que até hoje não tem cura definitiva.
Naquela época já existiam medicamentos como o AZT, que causavam graves efeitos colaterais e não garantiam uma sobrevida muito longa ao paciente. Foi só com o advento dos famosos coquetéis, combinações de remédios antivirais, que as pessoas HIV+, as "positivas", passaram a ter esperança de uma vida normal.
A AIDS segue sendo uma enfermidade gravíssima, mas hoje em dia ela é bastante controlável. A medicina avançou muito, e atualmente existem milhões de "positivos" em que o vírus não é mais detectável.
Evita-se, no entanto, dizer que eles estão totalmente curados: ainda precisam tomar regularmente a medicação, provavelmente pelo resto de suas vidas. Mas, de modo geral, eles têm um cotidiano mais tranquilo do que portadores de diabetes, uma doença também grave e controlável –não precisam, por exemplo, submeter-se a dietas rígidas, como é o caso dos diabéticos.
No entanto, o estigma persiste. Alguém que revele ser portador do HIV corre o risco de ver amigos e parentes se afastarem. Tampouco faltam casos de demissões do trabalho (o que é ilegal, aliás). Ainda persiste a crença de que os positivos são aidéticos, um termo pejorativo, mesmo que a maioria deles jamais desenvolva a doença. E ainda são tratados como se emitissem radioatividade.
Combater o preconceito é o principal objetivo do reality documental Deu Positivo, cuja segunda temporada estreia na MTV nesta quarta (1º), o Dia Mundial da Luta Contra a AIDS. Cada um dos três episódios será exibido às 23h30, até sexta (3). E todos eles mostram portadores do HIV que levam vidas plenas e funcionais, como se jamais tivessem sido tocados pelo vírus.
O primeiro episódio já começa com uma cena de impacto. Vemos o ator Gabriel Comicchioli contar, por chamada de vídeo, para sua mãe, Arline, que ele é portador do HIV. É um momento emocionante, e ambos reagem com um compreensível medo do desconhecido. Daí em diante, o clima desanuvia.
Este mesmo episódio mostra Thaís Renovatto, uma mulher heterossexual, casada e mãe de dois filhos. Thaís é autora do livro "Cinco Anos Comigo", publicado em 2019, onde relata seus primeiros anos como portadora do vírus da imunodeficiência humana. Cheia de energia e otimismo, ela troca ideias com Jennifer Besse, que já nasceu positiva e perdeu a mãe para a AIDS quando tinha apenas seis anos de idade. Hoje, ambas têm carga viral indetectável.
O segundo capítulo acompanha o publicitário Felipe Rodrigues. Apenas oito meses depois de se descobrir positivo, ele também já está com o HIV indetectável em seu organismo, pois aderiu ao tratamento correto.
Por fim, o último programa foca o fotógrafo e diretor de arte Raul Nunnes, que se inspira no cantor Gaê para levar uma vida plena de possibilidades.
O que todos esses personagens têm em comum, além do vírus indetectável, é uma rede de apoio para enfrentar o desafio de viver com HIV, formada por amigos, familiares e profissionais de saúde. Também compartilham a vontade de disseminar informação sobre o vírus e seus tratamentos, para ajudar a construir uma nova imagem dos positivos na sociedade. Uma imagem, com o perdão do trocadilho óbvio, positiva.
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