Enquanto as redes abertas passam por crise, novos canais e plataformas não param de surgir
Só no começo de dezembro, estrearam DirecTV GO, Loading e Pluto TV
O ano de 2020 foi cruel com a TV aberta brasileira. Todas as emissoras tiveram que interromper gravações e colocar reprises no ar. Todas perderam audiência e anunciantes, mesmo com mais gente em casa por causa da pandemia do novo coronavírus.
A Globo, ainda líder no Ibope, passa pela maior reformulação interna de seus quase 56 anos. O SBT parece congelado em algum lugar do passado, sem nada de novo no ar. A Record tem pouco a comemorar além do sucesso de A Fazenda 12, e a Band se segura no MasterChef. A RedeTV! estaria à venda.
O panorama seria desolador, não fosse por um detalhe: não param de surgir novos “players”, tanto no streaming como na chamada TV linear.
A estreia da CNN Brasil em março deste ano, mexeu com a hegemonia da GloboNews. Em julho, entrou em operação o canal Trace Brazuca, voltado à cultura negra urbana. Em novembro, o Disney + finalmente desembarcou no país. E, agora em dezembro, já são pelo menos três as grandes novidades.
Uma delas está disponível desde o dia 1º: a plataforma DirecTV GO. Através do site, o assinante tem acesso a mais de 90 canais diferentes, entre abertos e fechados. O benefício é semelhante ao oferecido pelas operadoras de TV paga, até porque os canais são os mesmos, mas o preço é mais em conta. Além das grandes redes abertas, também estão lá os canais pagos dos grupos Globo, HBO, Turner, Viacom, Disney e Discovery, entre outros. Não é preciso instalar nenhuma antena ou cabo: basta contar com uma boa conexão à internet.
No dia 7, foi a vez do Loading, que pode ser sintonizado gratuitamente em São Paulo através do canal 32 da faixa UHF –o mesmo da lendária MTV Brasil. Aliás, o Loading também ocupa as antigas instalações da extinta emissora, no bairro paulistano do Sumaré. O canal também está presente nos pacotes das principais operadoras de TV paga, e ainda na internet, tanto no You Tube como em seu próprio site.
A programação é nichada, ou seja, voltada a um público específico. No caso, os jovens ligados em games, e-sports, animes e cultura pop oriental. O cardápio inclui de séries em animação como “Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas” a clipes de K-pop.
Finalmente, nesta terça (8), estreou o Pluto TV, a primeira plataforma de streaming inteiramente gratuita –a monetização é feita através da propaganda. Não há muito conteúdo premium disponível por lá: quem for esperando encontrar sucessos recentes de Hollywood, ou séries novas e exclusivas, irá se decepcionar. Mas são dezenas de canais disponíveis, com conteúdos que vão da culinária à moda, passando por filmes e séries clássicas e bastante conteúdo da MTV e do Porta dos Fundos (que são empresas do grupo Viacom, também dono do Pluto TV).
“A Pluto TV não compete com os canais pagos, e as operadoras tradicionais são nossas parceiras”, disse Rogério Francis, VP CDM da ViacomCBS Brasil durante uma entrevista coletiva por videoconferência nesta terça. O executivo defende que a nova plataforma será uma porta de entrada ao universo da TV paga para o público de baixa renda.
Toda essa agitação é um ótimo sinal. A tecnologia está mudando rapidamente e, com ela, também a maneira como consumimos televisão. Mesmo num ano de crise, o mercado assistiu à chegada de vários novos concorrentes. Talvez nem todos sobrevivam a longo prazo, mas quem precisa correr atrás neste momento são os canais tradicionais.
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